Fenprof pondera “greve às avaliações do final do ano”

O anúncio foi feito por Mário Nogueira, líder da Fenprof, no dia em que milhares de professores se manifestam em Lisboa para exigir o descongelamento integral do seu tempo de serviço

Os professores vão sair hoje à rua, em Lisboa, para exigir que o tempo de serviço seja contabilizado pelo governo na sua totalidade, ou seja, os nove anos, quatro meses e dois dias em que as suas carreiras estiveram congeladas nos últimos anos. Será a terceira manifestação em que os docentes saiem à rua com a mesma reivindicação. 

Em entrevista à SIC Notícias, Mário Nogueira, líder da Fenprof, avançou que o sindicato está a ponderar avançar com uma "greve às avaliações do final do ano" – uma das formas de luta sindical usadas pelo sindicato nos últimos anos. "É um voto de repúdio em relação ao que o governo fez aos professores, que foi apagar seis anos e meio da sua vida profissional num ato injusto e ilegal", explicou Nogueira quando questionado sobre quais as razões para a manifestação. 

A esta possibilidade de greve junta-se a já anunciada manifestação para 5 de outubro, no dia anterior às eleições legislativas deste ano. A data escolhida é também simbólica por ser o dia do professor. 

Uma manifestação, continuou o sindicalista, em que tem uma "grande expetativa e esperança" para que altere a posição do governo para que os professores possam "recuperar aquilo que é trabalho cumprido". E, recusando quaisquer comparações com manifestações anteriores, o sindicalista relembrou que "hoje há menos 50 mil professores do que em 2008". A precariedade, o congelamento das carreiras, a carga horária, entre outros factores, têm levado muitos docentes a abandonarem a carreira. 

Por agora, e ainda que tenha levantado a hipótese da greve às avaliações do final do ano, o sindicalista aguarda pelo que a Assembleia da República decidir já a 16 de abril, quando o diplomata de recuperação do tempo de serviço integral será submetido a apreciação parlamentar depois de ser promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. 

As relações entre o governo e os sindicatos dos professores nunca foi a melhor, mas degradaram-se ao longo dos últimos meses de negociação. O sindicato exigia o descongelamento integral, mas o governo apenas aceitou ter em conta dois anos, nove meses e 18 dias de carreira, recusando qualquer margem de manobra para esta legislatura, o que levou Nogueira a acusá-lo de "farsa" nas negociações e ao primeiro-ministro, António Costa, de "má fé". No entanto, o governo garantiu que na próxima legislatura o processo negocial seria retomado e, também, o descongelamento das carreiras, o que foi encarado com suspeitas pelo professores. 

Com as negociações "esgotadas", como Nogueira declarou, o sindicato optou por transferir a questão para o parlamento, onde espera que a situação se altere. PSD, Bloco de Esquerda e PCP já submeteram as suas apreciações parlamentares sobre o diploma.