Marlen Khutsiev. O pai do cinema moderno soviético morreu

Marlen tornou-se cineasta ainda durante a URSS e os  seus filmes foram ponto de arranque do cinema soviético na era pós Estaline, falecido em 1953.

Marlen Khutsiev. O pai do cinema moderno soviético morreu

O cineasta Marlen Khutsiev, considerado o pai do do cinema moderno soviético, morreu aos 93 anos, em Moscovo. A notícia chegou na terça-feira através da  União de Cineastas da Rússia.

Nascido em 1925 em Tiflis (atual Tbilisi, na Geórgia), o seu pai, acabaria executado numa purga política em 1947. A mãe era uma aristocrata. O casal escolheu para o seu filho o nome de Marlen onde misturou os nomes de Marx e Lenine.

Marlen tornou-se cineasta ainda durante a URSS e os  seus filmes foram ponto de arranque do cinema soviético na era pós Estaline, falecido em 1953.  Três anos após a morte do antigo líder russo, lança o filme Primavera na Rua Zarechnya, que viria a ser um dos seus maiores sucessos de audiências, visto por mais de trinta milhões de espetadores. Já a Porta de Illych, que trabalhou entre 1958 e 1962, foi de tal forma criticado pelas autoridades – e principalmente por Nikita Khrouchov – que acabou por ser alterado pelo autor. Em 1965 foi então apresentada uma nova versão, remontada e com partes refilmadas, mas em 1988 o autor volta a esta longa para o reaproximar da versão original. O filme, considerado um marco do cinema soviético, recebeu o prémio do júri no Festival de Veneza em 1988. Os filmes Os Dois Fedors (1958),  Chuva de Julho (1967), Infinitas (1992) – premiado em Berlim – e Foi em Maio (1970) contam-se ainda entre as suas obras. Este último filme, rodado especificamente para a televisão, era o preferido do autor.

Continuou a trabalhar como realizador e como professor na principal escola de cinema russa até ao fim da vida. E ainda terá terminado o seu último filme, Not Yet Evening, onde pensa o encontro de dois escritores de diferentes gerações, Tolstoy e Chekhov. Mas apesar da longevidade da carreira, não chegou a produzir uma dezena longas metragens. 

«Viveu uma vida cheia de drama e alegria», conta Tatiana Nemchinskaya, representante da  União de Cineastas da Rússia.

Em 2015, a Cinemateca Portuguesa dedicou-lhe um ciclo integral depois de, em 2014, a obra do realizador ter estado em destaque no  Lisbon & Estoril Film Festival. 

Apesar dos seus 90 anos, Khutsiev fez questão de estar na altura em Portugal para acompanhar a homenagem da Cinemateca.