França. Protesto dos coletes amarelos sem atos de violência

Mais de oito mil pessoas manifestaram-se na capital francesa

Os coletes amarelos voltaram às ruas francesas para mais um sábado de protestos – o 19º consecutivo desde novembro do ano passado – e, ao contrário do sábado passado, não se registaram confrontos nem destruição de propriedade em Paris. O governo francês anunciou que mais de oito mil pessoas se manifestaram na capital francesa, uma queda dos mais de 14 mil contabilizados no fim-de-semana anterior. 

"Hoje aplicaram-se as medidas corretas e os resultados estão à vista", explicou o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, em declarações aos jornalistas, acrescentando que "foi possível prevenir as numerosas tentativas de violência e pilhagens". 

O governo francês ficou sob fortes críticas ao longo desta semana por ter permitido atos de violência e pilhagem nos Campos Elísios, no centro de Paris, com lojas, restaurantes, quiosques, carros e caixotes do lixo a terem sido pilhados e incendiados. 

Ao contrário dos fins-de-semana anteriores, a polícia francesa – os gendarmes e os elementos da Brigada Anti-Criminalidade, a que se juntaram hoje militares – mantiveram a distância dos manifestantes, evitando assim o subir da tensão e, consequentemente, confrontos físicos. Foi a primeira vez que as autoridades mantiveram a distância dos manifestantes, numa clara abordagem de vigilância e de intervenção apenas quando considerada necessária. 

Além disso, o governo proibiu manifestações nos centros de várias cidades francesas, entre os quais os Campos Elísios, obrigando os manifestantes a alterarem o ponto de encontro, a rota e o destino das manifestações. Carros blindados e canhões de água fizeram parte do dispositivo de segurança, não esquecendo centenas de soldados, alocados da Operação Sentinela, cujo objetivo é patrulhar e evitar atentados terroristas em Paris desde 2015.

"Seria pedir sarilhos ir para os Campos Elísios depois da repressão que anunciaram", disse Jean-Paul Tonson, manifestante de 57 anos e funcionário público, à AFP. "Mas vamos continuar a manter a pressão, não vamos recuar", garantiu. 

No entanto, pelo menos 50 pessoas foram detidas, com outras 29 a serem multadas. As detenções aconteceram por muitos manifestantes estarem em listas negras e proibidos de participar nas manifestações por atos violentos em anteriores.