Não chega

Chegou a hora das sondagens e não resistimos a conhecê-las e a acompanhar todas as suas leituras.

Devo confessar que sem grande surpresa e constatando a monotonia.

O Partido Socialista levou quatro anos a vender a recuperação de rendimentos como imagem de marca e a gestão cuidada dos impostos como condição do equilíbrio entre a garantia da receita e a aceitação social.

A ideia é que os menores rendimentos sejam beneficiados e os maiores tributados.

Qualquer coisa que, para a esquerda apoiante possa ser vendida como o castigo da direita em seu favor, sendo certo que a fronteira é, em si mesmo, um risco. Há esquerda farta e direita pobre.

É uma forma de governar. Há outras. E de entre essas as que privilegiam o crescimento e a criação de outra solidez económica que permita sonhar mais e fazer crescer a riqueza.

Mas a escolha foi feita assim e agora é o momento de observar os resultados.

Nas últimas eleições gerais o PS teve qualquer coisa como 32% dos votos. Teria agora 37. Ou seja um crescimento magro, um crescimento poucochinho em função da opção seguida.

Se o povo fosse realmente reconhecido, diria de si para si o Dr. Costa, saltaria de contente e exprimiria a sua intenção de voto de outro modo.

Nem os parceiros de opção são especialmente beneficiados. Uns e outros perdem intenções de voto apesar de professarem a autoria do bem e o afastamento do mal.

Portanto, não há entusiasmo, há, quando muito, resignação.

E a verdade é que, depois destes anos, a maioria absoluta parecia atingível com facilidade.

Ora, e o que sucede nas oposições?

Longe estão do ano da Graça de 2011. Nessa ocasião o cúmulo do PSD e CDS atingiu os 49%. Dessa altura para 2015 o conjunto perdeu 700.000 votos.

Correspondeu esse número a 37%. E agora? Tudo (PSD, CDS, Aliança) nem mais nem menos do que 37%. Número mágico, portanto. Coincidência extraordinária, dir-se-ia. Mas o interessante é que esse grupo não perdeu intenções de voto, no geral.

Esvaiu-se o PSD. Manteve-se o perímetro.

Porém, não mobilizou, não ofereceu alternativa marcante, não tem dinâmica de vitória.

Vive marcado pelo receio dos eleitores em experimentar outro caminho ou regressar a um passado doloroso.

O PS afadiga-se.

A ordem é mobilização geral, campanha a todo o custo.

E campanha que se não esgota nestas eleições mais próximas que à Europa dizem respeito. O candidato é fraco, a matéria está longe de atrair, a Europa que dizem ser está em perda.

Que país é este?
  Um país singular cujo peso eleitoral está nas grandes metrópoles e que convém tratar de forma adequada.

O voto está concentrado, é esse que releva. Aos demais as malvas.

Aqui e ali celebram-se inaugurações esparsas. No âmago que interessa oferece-se o bem estar a um reduzido grupo. A 20% dos utentes dos transportes a propaganda oferece o que o povo, em geral, vai pagar. O carbono, esse grande e conveniente inimigo. A taxa que junta os milhões necessários e não chega.

Inábeis, as oposições titubeiam.

O primeiro dos ministros sente ter descoberto o astrolábio do Sodré que o leve à vitória.

Uma descoberta das arábias no fundo do mar…