Serviço de pediatria no Garcia da Orta em “sério risco”, denuncia Ordem dos Médicos

Em comunicado, a Ordem refere que a falta de pediatras no hospital se tem agravado

A Ordem dos Médicos denunciou esta quinta-feira que a urgência pediátrica do Hospital Garcia da Orta se encontra "em risco de ser encerrado alguns dias ou em alguns períodos" devido à falta de pediatras.

Apesar do alerta lançado pela Ordem há dois meses e da "insistência feita pelo Sindicato Independente dos Médicos, a falta de pediatras no Hospital Garcia da Orta agravou-se", adianta o documento.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que quando esse alerta foi feito, "a ministra da Saúde apressou-se a negar os factos, em vez de ter investido todos os esforços no sentido de reforçar o quadro de pediatras. Chegámos assim a uma situação limite e inevitável".

"Não é possível ter uma urgência pediátrica aberta sem pediatras", sublinha o bastonário, reforçando que "não é sério e, sobretudo, não é seguro para os mais de 130 doentes que ali acorrem todos os dias".

A mesma nota revela ainda que desde fevereiro que aquele hospital perdeu mais um pediatra, estimando-se que até ao final do próximo mês saia mais um profissional. Além destes profissionais, há ainda uma pediatra em licença de maternidade e uma que se encontra grávida.

Miguel Guimarães diz ainda que o "cenário é muito grave" e que "não deixa de ser irónico que o hospital não possa substituir estas pessoas, já que ainda este mês a ministra da Saúde publicou um despacho que facilita a substituição de profissionais ausentes por doença ou por licença de parentalidade, mas que deixa de fora os médicos".

O Sindicato também já se manifestou sobre a situação no hospital. A estrutura sindicalista enviou uma carta à administração do Garcia da Orta: "Lamentamos a inação do conselho de administração e o desrespeito que isto demonstra pelos profissionais, pelos pais e pelas crianças". "Esta tem sido, aliás, a postura do Ministério da Saúde nos vários assuntos, num desaproveitamento da abertura negocial das estruturas sindicais, que se traduziu em resultados quase nulos", completou o Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do sindicato.