O regime do BANC

Kundi Paihama era o maior acionista do BANC e António Ferreira o segundo. O terceiro, com 10% do capital, era Sita José. 

O BANC – Banco Angolano de Negócios e Comércio foi fundado a 10 de abril de 2006, por sete acionistas. O general Kundi Paihama era o maior acionista da instituição financeira, com uma participação de 37%. Na altura, era ministro da Defesa Nacional, cargo que ocupou entre 1999 e 2010 e que deixou para ficar com a pasta dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, até 2015.

O empresário português António Ferreira surgia como segunda figura do BANC, com 29%. António Ferreira, casado, na altura, com a fadista Mariza, era o maior acionista da Plurijogos, empresa que explora o jogo em Angola e é detentora da marca Casinos de Angola (ver texto principal). 

Agostinho Manuel Durães Rocha, gestor da confiança de António Ferreira e também administrador da Plurijogos, tinha 9%. Em conjunto, detinham 38% do banco, o que seria a maior participação.

O terceiro maior acionista era Diakumpuna Sita José, que na altura era ministro do Urbanismo e Habitação, e que foi nomeado, a seguir, embaixador de Angola na UNESCO. Sita José detinha uma quota de 10% no BANC.

João Beirão, que foi quadro do MPLA e presidente da Fundação José Eduardo dos Santos, detinha também 9%. Beirão foi fundador do BANC, mas morreu ainda em 2006.

Os restantes acionistas eram João Avelino, na altura presidente do conselho de administração da Angola Telecom, e Rui Fraga, que se tornaria o primeiro presidente do conselho de administração do BANC. Cada um tinha uma participação de 3%.

Esta estrutura dura até novembro de 2007, quando as participações são ajustadas para a entrada de um novo parceiro de peso, a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (CSSFAA), que entra, através de um aumento de capital do BANC, para deter uma posição de 5%. Ao mesmo tempo, os acionistas decidem juntar, sob a alçada de Agostinho Rocha, uma participação destinada a um futuro parceiro, que, no final, nunca chegou a existir. 

Assim, depois dos ajustamentos, Kundi Paihama surge com 35,15%, seguido de António Ferreira, com 27,55%. Agostinho Rocha fica com 26,6%, que representaria a sua posição, a participação que deteria, mas que seria de António Ferreira, e a participação para um futuro acionista. 

A CSSFAA entra no capital e fica com 5%. 

Rui Fraga passa a ter 2,85% e os restantes três acionistas – Sita José, João Avelino e os herdeiros de João Beirão – passam a uma participação de 0,95% cada.