Fórum para a Competitividade prevê desaceleração do PIB

Entidade diz que só o crescimento do PIB irá permitir aumentar os salários e baixar os impostos. 

O Fórum para a Competitividade prevê uma desaceleração da economia portuguesa para entre 1,3% e 1,6% em 2019, considerando que “as perspetivas para Portugal estão agora piores” devido à “clara deterioração do ambiente externo”. E, apesar de considerar que o crescimento possa ser algumas décimas acima da média da União Europeia, o organismo liderado por Ferraz da Costa acredita que isso não corresponderá a qualquer tipo de convergência se, como até aqui, a produtividade continuar a divergir”.

“Com a clara deterioração do ambiente externo, as perspetivas para Portugal estão agora piores e já se torna mais difícil antecipar uma recuperação do mau desempenho das exportações no quarto trimestre de 2018. Assim, prevemos que a economia desacelere, de 2,1% em 2018 para entre 1,3% e 1,6% em 2019”, diz a nota de conjuntura de março do Fórum para a Competitividade. 

A entidade critica ainda a quebra de produtividade que baixou 0,5%, enquanto na média da UE houve um crescimento de 1,7%. E alerta: “Crescer menos do que estes 1,7% seria mau, mas ter uma queda neste indicador é péssimo”, afirma, considerando que “enquanto não se assumir – politicamente — este problema, não serão tomadas medidas para o resolver”.

Quanto ao défice externo, a entidade refere que “o valor de um único mês é muito insuficiente para retirar conclusões”, mas alerta que a deterioração registada em janeiro “não é uma boa notícia”, recordando que já vinha avisando que em 2019 Portugal poderia “deixar de ter saldos externos positivos”. Já em relação ao défice nominal, é apontada uma redução em três pontos percentuais entre 2015 e 2018, mas a instituição nota que “um conjunto de fatores ‘temporários’ representam mais de metade deste esforço de consolidação orçamental”, salienta.

De acordo com a nota de conjuntura, apesar da diminuição da taxa de desemprego para um novo mínimo desde agosto de 2002, o mercado de trabalho continua a “arrefecer”. Para o Fórum, com a atual taxa de desemprego (6,3%) ao nível das estimativas da taxa natural de desemprego (entre 6% e 7%), “não faz qualquer sentido tentar diminuir o desemprego com promoção da procura, sendo imperioso tomar medidas para diminuir a própria taxa natural de desemprego”.

E, uma vez que “a razão principal” para a taxa natural de desemprego ser “tão elevada” é o “desencontro entre qualificações dos desempregados e as pedidas pelas empresas, é aqui que se devem concentrar os esforços”, revendo a forma como se faz formação profissional e promovendo-a dentro das empresas.

No que se refere aos salários, o Fórum para a Competitividade considera “inteiramente compreensível que os trabalhadores e os seus representantes não gostem que, neste momento, os salários, em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto], estejam um pouco abaixo da média”, mas destaca ser “muitíssimo mais importante perceber que a melhor forma de aumentar os salários é fomentar o crescimento do PIB”, até porque “um PIB maior permite baixar impostos”.

E lembra que, se Portugal tivesse crescido como Espanha desde 2000 o PIB nacional “poderia ser 22% superior ao que é hoje, ou seja, a massa salarial também poderia ser 22% superior ao que é”. Aliás, nessa matéria, a entidade não tem dúvidas: “não basta aumentar o PIB, é também preciso que cresça com qualidade, com melhoria da produtividade”, sendo que “todos os atrasos do Estado são obstáculos ao crescimento da produtividade”, desde os atrasos nos licenciamentos e na burocracia, aos atrasos nos pagamentos a fornecedores, na justiça e outros.