Christine Lagarde. “Portugal não pode relaxar”

Diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixa conselho aos portugueses

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, aproveitou a entrevista que deu à RTP esta quinta-feira para falar de temas como o Brexit e a desigualdade de género. Quanto a Portugal, a responsável deixou um conselho: não podemos ficar parados a contar com os louros que recebemos anteriormente.

“Portugal melhorou significativamente” desde a última intervenção do FMI, em 2011, referiu a diretora-geral do FMI, frisando que o país melhorou em “todos os critérios”. “Portugal tem tido um melhor desempenho e os mercados têm reparado nisso”, acrescentou.

No entanto, Lagarde deixa um conselho aos portugueses: “a prioridade tem de ser manter o rumo. Portugal mostrou ao mundo e aos mercados que é capaz de fazer reformas e manter a disciplina fiscal. Agora não pode relaxar e aproveitar os louros e pensar que o trabalho mais difícil está ultrapassado”. O que acontece se voltarmos a viver um momento negro? “No FMI estamos pronto para ajudar quem quer que seja. E sim, o FMI ajudará se Portugal pedir ajuda”.

Em relação ao Brexit, Christine Lagarde não quis colocar muitos cenários na mesa, preferindo esperar para ver o que acontecerá nos próximos dias – a saída do Reino Unido da União Europeia está marcada para o próximo dia 12 de abril. No entanto, deixou alguns conselhos aos britânicos: “Quanto mais amigável o acordo e mais eficaz o peróodo de transição, melhor para o Reino Unido e para a União Europeia”.

Lagarde frisou que o Brexit poderá ter consequências graves também para Portugal: “Portugal, que é um velho parceiro do Reino Unido, não está totalemte protegido. Existe uma relação comercial entre os dois países. Além disso, existe a questão do turismo e dos britânicos que vivem em Portugal. Um amigo meu dizia ‘Já imaginou os reformados todos regressarem ao Reino Unido?’”, afirmou a diretora-geral do FMI, fazendo referência à quantidade de britânicos que escolhem zonas do nosso país para gozarem a reforma e que, com estas mudanças, tencionarão regressar a solo britânico.

Em vésperas de eleições europeias, Christine Lagarde aproveitou também para deixar alguns conselhos aos líderes europeus para lidarem com a ascenção do populimo em vários países: “Não se pode reescrever a História, mas a forma como se lidou com a crise financeira deveria ter sido mais focada em melhorar as condições das pessoas. Agora, há três pilares que creio serem fundamentais – ter uma finanças fortes, apostar nas políticas energéticas e na segurança doméstica e regional”.

Por último, Lagarde quis falar sobre uma das questões que mais defende: a desigualdade de género. “Esta não pode ser só uma questão de mulheres, tem de se ruma questão humana. Diz respeito a todos e todos devem apoiar esta causa. Não desistam, defendam a igualdade de tratamento. Já falei com vários presidentes de empresas e políticos sobre isto: olhem para esta questão, vejam os pormenores, as diferenças, analisem as disponibilidades de promoções [para homens e mulheres] e as indemnizações atribuídas.”.

A líder do FMI fez questão de dar um conselho às mais novas: “Não receiem a tecnologia ou a ciência. Abracem-nas. Essas serão as chaves para as oportunidades e para alcançarem liberdade e independência”.