Nestlé já não troca Oeiras por Cascais

Era suposto o novo projeto em Carcavelos criar 1200 novos postos de trabalho. Mas a multinacional suíça optou por investir na ampliação das atuais instalações em Linda-a-Velha.

Carcavelos – a antiga fábrica da Legrand – deveria ser a nova casa da Nestlé, mas nem tudo correu como esperado: a empresa confirmou ao SOL que já não irá mudar as suas instalações para o concelho de Cascais, optando por melhorar as que já existem em Linda-a-Velha, no concelho de Oeiras.

«Como já foi noticiado, durante o ano de 2018, a Nestlé averiguou a possibilidade de mudança de instalações da sua sede em Linda-a-Velha para outro local que pudesse albergar uma população em crescimento, devido sobretudo à instalação do novo Centro de Serviços Partilhados – Nestlé Business Services Lisbon. Nesse processo foram estudadas várias localizações sem, no entanto, ter sido assumido qualquer compromisso por parte da Nestlé com nenhuma delas», explica fonte oficial da Nestlé ao SOL.

«Após este estudo, a solução encontrada – e que durante a fase de estudo foi também sempre equacionada –  foi a de permanência em Linda-a-Velha com intervenções no edifício que permitem acomodar um maior número de colaboradores», garante a mesma fonte.

 

Empresa em quiet period

Em 2017, a imprensa noticiou que Carcavelos era o local escolhido pela empresa de produtos alimentares para construir o Nestlé Business Services Lisbon, o novo centro de serviços partilhados da Europa Ocidental. Este seria mais um ‘trunfo’ para aquela zona de Cascais, juntando-se à Nova SBE, um pólo universitário moderno, com um campus mesmo à beira-mar.  A reconversão da antiga fábrica da elétrica Legrand teria como objetivo albergar, entre outras empresas, este novo edifício da Nestlé, que faria da freguesia Parede e Carcavelos o seu novo centro de operações. Este projeto da multinacional suíça deveria criar 1200 novos postos de trabalho.

O SOL tentou ainda saber qual o total de investimento que será realizado nas obras fr remodelação do edifício de Linda-a-Velha, mas a empresa prefere não revelar mais pormenores: «A Nestlé está neste momento em quiet period (período que antecede a publicação de resultados financeiros do Grupo para o primeiro trimestre 2019, em 18 de abril próximo), pelo que não pode, neste momento, revelar dados financeiros».

 

Vendas totais de 500 milhões de euros

Em 2018, a Nestlé alcançou em Portugal um crescimento de 3,2%, com vendas totais de 500 milhões de euros. De acordo com o comunicado publicado no site da multinacional suíça, estes valores surgiram graças ao crescimento em todas as categorias, mas o café, comida para animais, nutrição infantil e a confeitaria foram os negócios que mais contribuiram.

Segundo a nota de imprensa, a Nestlé investiu cerca de 70 milhões de euros na área do marketing e das operações de apoio à inovação – as vendas resultantes desta última área registaram um crescimento de 38,8%.

Outra parte do investimento foi nas relações com os fornecedores locais: «Nesse sentido, em Portugal, a Nestlé concentrou nos seus fornecedores nacionais 71% das suas compras, num valor global de 119 milhões de euros. Por rúbricas, comprámos a fornecedores portugueses 37% das matérias-primas, 89% do material de embalagem e 90% dos serviços necessários às nossas operações». Ao todo, a empresa conta com 1000 fornecedores locais das mais diferentes áreas.

 

Cada vez menos plástico

Numa altura em que existem cada vez mais preocupações com as questões ambientais e o uso de plástico, a Nestlé apareceu em vários artigos de jornal no início do ano por ter como objetivo para 2019 acabar com uma grande percentagem de plástico nas suas embalagens.

«Já durante o mês de janeiro de 2019 todas as paletines (para mexer o café) que apoiam, nos pontos de vendas, as cinco marcas de café torrado da Nestlé deixaram de ser em plástico e passaram a ser em madeira. Ainda no nosso negócio de café, está neste momento a ser estudada a substituição dos copos de plástico disponibilizados nas máquinas de vending por copos recicláveis, em papel cobertos por material mineral».

Além disso, o SOL sabe que também já está em fase de ensaios uma embalagem para os produtos infantis 100% reciclável.

E o filme retráctil (para envolvimento de packs de várias embalagens) será substituído por cartão até ao final do ano.