“As pessoas são escolhidas pela fidelidade ao chefe”

Ex-deputado socialista defende que critérios utilizados para nomeações enfraquecem os governos.

O ex-deputado socialista Henrique Neto considera que a polémica à volta das relações familiares dentro do governo revela uma forma de atuar do Partido Socialista com o objetivo de “controlar a disciplina partidária e a fidelidade ao chefe”.

Henrique Neto, que foi um dos principais críticos internos de José Sócrates e saiu do PS em 2017 em rutura com António Costa, defende que “o problema não é haver um, dois ou três casos, a questão principal é que estas nomeações traduzem a forma que o PS utiliza para controlar a disciplina partidária e a fidelidade ao chefe. É uma forma de nepotismo, isso é evidente”.

O empresário e ex-dirigente do PS não se mostra surpreendido com os muitos casos que foram noticiados de ligações familiares dentro do governo. E aponta o dedo à forma como funcionam os partidos políticos, nomeadamente o PS. “Eles estão a contar com a fidelidade das pessoas que nomeiam e não poderiam contar com essa fidelidade se as pessoas fossem nomeadas apenas pela sua competência ou pelas suas ideias”, acrescenta.

Para o ex-deputado, o critério utilizado para estas nomeações “enfraquece a possibilidade de os governos terem ideias mais avançadas ou mais apropriadas”, porque “as pessoas são escolhidas pela sua fidelidade ao partido e pela sua ligação pessoal”.