OPA à EDP morreu. Mexia diz estar tranquilo sobre o futuro

Operação chega ao fim quase um ano depois, mas este desfecho já era o esperado. Mexia acredita que parceria com a CTG é para se manter.

Os acionistas da EDP chumbaram, ontem, a alteração dos estatutos para acabar com a limitação dos direitos de voto a 25% do capital –  a proposta foi chumbada com 56,6% do capital representado – pondo fim à oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) quase um ano depois. António Mexia já veio garantir que está “tranquilo sobre o futuro da EDP”, revelou, em conferência de imprensa. Este desfecho já era esperado por muitos analistas contactados pelo i, ainda assim, o presidente da elétrica garantiu que “a EDP tem um conjunto de acionistas totalmente alinhados com o futuro da companhia” e apesar do desfecho da operação “a parceria estratégica com a CTG é importante e é para manter”.

Recorde-se que, a introdução deste ponto na assembleia anual de acionistas foi proposta pelo fundo Elliott, que detém 2,01% do capital da EDP, e prevê que, “caso a deliberação não obtenha uma maioria qualificada de dois terços dos acionistas presentes na assembleia-geral anual […], o limite de voto permanecerá em vigor”.

No início desta semana, a CTG revelou que iria respeitar as decisões das autoridades e da Assembleia Geral, deixando a promessa de que “permanecerá como investidora estratégica de longo prazo da EDP”. 

Mexia lembrou ainda que “há uma visão muito clara” de desenvolver energias limpas, visão que é partilhada com a CTG, não revelando se a elétrica estará disponível para uma nova parceria com a empresa chinesa na América Latina, uma solução que tem sido apontada como uma alternativa ao fracasso da OPA. “Está tudo em aberto”, revelou o presidente da elétrica. 

Também o presidente do Conselho Geral da EDP, Luís Amado, garantiu que a estrutura acionista da EDP se mantém “coesa”, qualificando a parceria com a CTG como “fundamental”. Amado admitiu, no entanto, que o processo de gestão da OPA foi “difícil”.

Operação com entraves

O que é certo é que desde que a operação foi lançada foram surgindo várias vozes a anunciar o fracasso da operação. O embaixador norte-americano em Portugal, George Glass, chegou a admitir que Washington não iria permitir que os chineses controlem os EUA. “A EDP controla 80% da energia elétrica em Portugal. Do ponto de vista dos Estados Unidos, do ponto de vista de negócios, como do meu ponto de vista pessoal, não deve haver uma entidade estrangeira a deter a vossa energia elétrica. Deve ser controlada pela Nação ou pelos privados sob regulação nacional. Não é o caso do que está a ocorrer com a EDP”, disse em entrevista ao Jornal Económico. O diplomata revelou também que os Estados Unidos opõem-se “absolutamente” a este negócio, por uma questão de segurança nacional, deixando a garantia de que “em nenhuma circunstância os chineses vão controlar o que a EDP tem nos Estados Unidos, o terceiro maior produtor de energia renovável”.

A operação foi anunciada em maio sobre a totalidade do capital da elétrica, avaliando-a em 11,9 mil milhões, oferecendo 3,26 euros por ação. Um valor que está aquém do que vale atualmente a elétrica. Os títulos fecharam ontem a cair 0,61% para 3,4 euros por unidade. 

No entanto, os acionistas aprovaram as contas de 2018 e a aplicação de resultados com 99,8% dos votos ambos, estando representada na reunião 65,18% do capital acionista da elétrica liderada por António Mexia.