A política impotente dos socialistas

Pode ser um plano de drenagem, escolas (o Liceu Luís de Camões), centros de saúde (uma dúzia), o Hospital Oriental de Lisboa ou a Feira Popular. Todos conhecem o mesmo destino: a Câmara anuncia nas TVs e jornais que abre concursos públicos, Fernando Medina vai ao local, presta declarações, sorri, coloca a primeira pedra, é…

As pessoas convencem-se, justamente, de que Lisboa já não será um rio quando chove, que os centros de saúde do Lumiar ou do Parque das Nações existirão finalmente, que as escolas (O Leão de Arroios ou de Marvila) serão próprias para as crianças. O convencimento seria normal se a política fosse normal. 

Uns meses depois, porém, em pequenas notas de rodapé, aparece uma linha a dizer que o «concurso ficou deserto, que não houve concorrentes». Ninguém deu por isso quando foi a primeira vez, a segunda, a terceira, mas com o tempo percebemos um modo de fazer sempre igual. Será que Câmara faz concursos com preços muito baixos? Será que os empreiteiros/concorrentes estão cartelizados e combinam não concorrer? Será uma mistura das duas? 
Mas o que podemos nós dizer sobre a Câmara de Lisboa estabelecer um preço muito baixo na obra, a ponto de ninguém concorrer? Uma, de duas: ou a Câmara ignora quanto custa fazer cada obra, ou faz de propósito. No primeiro caso, é incompetente; no segundo caso, age deliberadamente de má-fé. Venha o diabo e escolha!

Passados alguns meses (seis, oito) volta a aparecer a notícia sobre o mesmo hospital, os mesmos centros de saúde, as mesmas escolas. Quando as pessoas achariam que a obra já estava quase no telhado, escreve-se timidamente que uma qualquer burocracia está na origem do desaire, que novo concurso triunfante irá ser lançado, geralmente com aumento de vários milhões de euros no orçamento. 

Olhemos para o célebre Plano de Drenagem, notícia recente da Lusa: «Depois de o primeiro concurso público lançado ter ficado deserto, a Câmara Municipal de Lisboa, liderada pelo socialista Fernando Medina, deverá lançar um novo procedimento, com um valor base de 136 milhões de euros, mais 24 milhões que o anterior, de acordo com o documento que já tinha estado na ordem de trabalhos de uma reunião camarária e que foi adiado».

A autarquia declara que ainda não há data prevista para a discussão da proposta. Não nasce obra, mas nascem notícias, rezam assim: «Obras dos túneis de drenagem em Lisboa devem começar no primeiro semestre de 2020». 

A avalanche de anúncios tem por objetivo intoxicar a opinião pública com notícias mirabolantes de obras e feitos que transmitam a ideia de riqueza e progresso imparável da cidade. À moda de Sócrates, pois a escola é a mesma, não fazem obra – fazem anúncios. A política, na mão dos socialistas, passou a ser uma triste sucessão de concursos impotentes.