Conselho um: Ponha os olhos na forma como o Governo da Madeira comunicou, no caso da tragédia do Caniço, e veja se consegue contratar o secretário da Saúde – ou, mesmo, o médico de serviço – para renovar o seu Governo.
Se substituir uma ministra da Saúde fraquinha, e em estado de agitação permanente, por uma pessoa serena, com um discurso contido e objetivo, o país agradecerá. Se bem reparou, nenhum dos dois se refugiou em solilóquios para fugir às ‘questões sensíveis’ – tudo simples e direto, a contrastar com a opereta de Tancos, que lhe custou o ministro da Defesa. Se as diferenças partidárias impedirem a contratação… passe ao ponto seguinte.
Conselho dois: Peça aos seus assessores de comunicação que façam um filme das conferências de imprensa e informações aos media, desde a primeira notícia da tragédia até ao regresso dos feridos à Alemanha, e organize workshops com os seus ministros, secretários de Estado, responsáveis da proteção civil, da prevenção rodoviária e quejandos, para ver se aprendem como se comunica, particularmente em caso de desastre.
Agora, que se aproxima a época dos fogos florestais, o exercício é necessário, urgente e tem retorno garantido − coisa a não descartar, quando as legislativas estão ao virar da esquina.
Conselho três: Ainda na sequência dos acontecimentos da Madeira… Se achar arriscado usar figurantes de outras cores partidárias, nas ações de media training use a prata da casa e cinja-se à pose digna do seu ministro dos Negócios Estrangeiros. Salvo o estranho gosto de ‘malhar na direita’, o país aprecia um diplomata que ‘sabe estar’. Todos concordamos que um discurso elegante cai sempre bem, mas o país gostou de ver o seu ministro dos Negócios Estrangeiros com a pose discreta e sentida que convinha às circunstâncias.
É uma vantagem que um primeiro-ministro não pode desperdiçar, sobretudo, tendo em conta que, no seu Governo, continua a haver pessoas que, para usar uma expressão amável, melhor fora lá não estarem. A esses, mande-os calar.
Tenho para mim que até lhe daria jeito nomear o MNE porta-voz do Governo. Acredite que lhe seria muito útil contar com um duplo que, sem nunca se desdizer, é igualmente capaz dos exercícios de contorcionismo que o forçam a fugir dos parceiros da esquerda de segunda a quarta-feira, para não parecer mal ao país e à estranja, mas tem de se reaproximar deles à quinta, com as boas palavras para garantir os votos da ‘geringonça’ no debate parlamentar do dia seguinte. Convenhamos que não é coisa para principiantes…
Post scriptum: Já que estamos em matéria de comunicação, não deixe que o seu cabeça de lista às europeias apareça muito. A coisa não está a resultar… Não podendo o Dr. Costa e o professor Silva ir a todas, eu, no seu lugar, não descartaria a hipótese de pedir a algum dos que despediu que ajudem a disfarçar o erro de casting. O Dr. Francisco Assis e a Dra. Ana Gomes não me parecem pessoas que guardem ressentimentos, e poderiam dar uma mãozinha para falar da Europa… sabendo o que estão a dizer.
