Ter filhos depois dos 35 anos e “fora do casamento” é cada vez mais comum

Estatísticas vitais do INE para 2018 revelam tendências. Casamentos pelo civil aumentam e perto de 60% dos casais já vivem junto antes de dar o nó

A percentagem de mães com mais de 35 anos aumentou 11 pontos percentuais desde 2010 e atingiu em 2018 um novo máximo histórico – representam 32,8% dos bebés que nasceram no país no ano passado. Esta é uma das conclusões das Estatísticas Vitais do Instituto Nacional de Estatística, uma publicação anual que documenta a evolução de indicadores demográficos.

Tal como já tinha sido anunciado em fevereiro, em 2018 nasceram com vida 87 020 crianças de mães residentes em Portugal, um aumento de 1% face ao ano anterior. Pelo décimo ano consecutivo, o número de óbitos registados no país superou os nascimentos, pelo que se verificou um saldo natural negativo (-25 980).

No campo da parentalidade, uma das tendências assinaladas pelo INE é o facto de, pelo quarto ano consecutivo, o número de crianças nascidas fora da figura tradicional do casamento (civil, católico ou outro) ter ultrapassado os 50%. Também aqui se verifica um máximo histórico, com 55,9% das crianças com pais que não são casados. Em 2010 esta situação representava 41,3% dos nados-vivos.

Fruto do envelhecimento da população, o número de óbitos registados no país em 2018 aumentou 3%. “A maioria dos óbitos ocorreu em idades avançadas. Do total de óbitos de residentes em Portugal registados em 2018, 85,5% respeitaram a pessoas com 65 anos e mais anos. Ainda, relativamente ao total, mais de metade (59,3%) correspondeu a óbitos de pessoas com 80 e mais anos”, assinala o INE.

A subida da mortalidade infantil, que está a ser objeto de uma análise por parte da DGS, também é motivo de destaque. “Em 2018, registaram-se 281 óbitos de crianças com menos de 1 ano (+52 que os registados em 2017), voltando-se a valores próximos dos de 2016 (282 óbitos infantis). A taxa de mortalidade infantil foi 3,2 óbitos por mil nados vivos (2,7 em 2017), o mesmo valor registado em 2016. O valor mais baixo desta taxa registou-se em 2010, com 2,5 óbitos infantis por mil nados-vivos”, conclui o instituto.

Depois de um mínimo histórico em 2014, os casamentos aumentaram pelo quarto ano consecutivo: foram registadas 34 637 uniões, mais de dois terços pelo civil, 32,5% católicas e 0,5% de outras religiões. “Dos casamentos celebrados, 34 030 realizaram-se entre pessoas de sexo oposto e 607 entre pessoas do mesmo sexo (523 em 2017): 342 casamentos entre homens e 265 casamentos entre mulheres (282 e 241, respetivamente, em 2017)”, adianta o INE. São os casamentos civis que têm estado a aumentar, já que as celebrações católicas baixaram 10 pontos percentuais desde 2010. Outra tendência patente nos dados do INE é o facto de estar a aumentar a percentagem de pessoas que vivem juntas antes de casar: passou de 44,2% em 2010 para 59,8% em 2018.