Tanto feriado e tanta influência

Semanas seguidas de feriados e pontes no nosso país e sentimos que numa ou noutra semana todos estão de férias em algum momento. Ou pelo menos, eu sinto.

Não sei se por estar com bastante trabalho, mas tudo me parece ainda mais fantástico e relaxante quando percorro um feed e virtualmente me sinto mais uma no meio das férias de tantos.

Sim, não fossem as redes sociais e provavelmente não sentiria tão de perto tudo o que os outros andam a fazer. Já aqui falámos – e um pouco por todo o lado – na revolução que a internet e as redes sociais trouxeram ao mundo e a sua importância não só na relação entre as pessoas, mas também no negócio de várias marcas.

Um fenómeno que acompanho diariamente por razões profissionais e no qual até me sinto mais informada e habilitada a falar. Mas mesmo sabendo disso tudo, reconhecendo o que é pago, o que é fake, o que é orgânico ou o que é totalmente forçado, a verdade é que continuo a ser influenciada pelo conteúdo publicado.

Desde as viagens que quero fazer, às roupas que quero comprar, aos restaurantes que tenho que experimentar ou até as causas que devo defender. Tudo vai passando no meu radar e filtro e vai ficando, mais ou menos, e influenciando -me no meu dia a dia e nas inúmeras escolhas que vou fazendo. Seguramente marcas novas para experimentar, produtos, serviços que de repente estão bem vivos na minha cabeça.

Pensarão os demais que isto só acontece a quem é mesmo muito influenciável. Muitos dizem-se imunes aos influenciadores e ao seu bombardeamento diário. Mas quanto estarão realmente imunes ao gesto mecânico de passar com o dedo e ver o mundo a rolar à nossa frente, com mais ou menos realismo, mais ou menos mediatismo. A influência começa no minuto em que decidirmos escolher seguir uma pessoa. Se a queremos seguir por algum motivo é, e independentemente de qual seja, abrimos-lhe a porta a mostrar-nos o seu mundo e nos influenciar ou inspirar.

Há todo um mundo inconsciente que não dominamos e que pode determinar as nossas decisões, as nossas escolhas, as nossas compras.

 De repente estamos a escolher Formentera para ir de férias porque sempre lá quisemos ir, mas não nos apercebemos é que todos os que conhecemos estão a ir lá e o destino está totalmente no nosso top of mind.

Até que ponto somos então assim tão personalizados num mundo onde tudo acontece nas redes sociais? Talvez um eremita o possa afirmar com certeza, mas não nós, comuns mortais e seguidores de uns quantos. Interessante para as marcas perceberem todo este mundo inconsciente e tentarem da forma mais orgânica e harmoniosa entrar nas cabeças das pessoas.

Que oportunidades nos surgem aqui? Já não nos basta querer saber tudo sobre as pessoas e ter a data necessária para poder ter uma conversa relevante com cada uma delas, agora também queremos saber o que vai dentro das suas cabeças e levar esta influência ainda mais longe?

A verdade é que seja qual for o caminho há que traçar estratégias para deixar na cabeça de quem nos interessa a mensagem certa.

Na minha, no momento, há uma muito clara: ir de férias.

E ser a próxima a ‘instagramar’ tudo e a matar de inveja – da boa, claro – quem me segue. Fosse eu influenciadora e já tinha mil propostas de uns quantos turismos rurais para uns dias bem passados. Uma coisa é certa seja para influenciar ou ser influenciada já tenho uns quantos na cabeça para uns bons dias de descanso. Bons feriados!

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment