Afinal não vai haver passadeira arco-íris em Arroios

Dois centristas queriam pintar passadeiras com as cores do arco-íris no dia 17. Medida foi aprovada, mas é ilegal. Freguesia prepara alternativa.

A presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins, eleita pelo PS, apoia a proposta do CDS de Arroios de assinalar o dia de luta contra a homofobia e transfobia no próximo dia 17 de Maio, mas a versão aprovada – de passadeiras arco-íris, as cores LGBI– não será uma realidade. “Passadeiras não pode haver porque é ilegal, mas pode haver uma chamada de atenção”, afirmou ao i a autarca, considerando positiva a chamada de atenção da proposta, aprovada por unanimidade na última reunião de Assembleia de Freguesia de Arroios.

De realçar que as sinalizações na estradas são obrigatoriamente brancas, por isso a medida dificilmente passaria no crivo da câmara municipal de Lisboa.

“Não tenho nada contra. Nós somos uma freguesia da inclusão e não exclusão. É uma chamada de atenção, achamos que é importante”, começou por explicar Margarida Martins, acrescentando que está previsto assinalar a data com uma iniciativa na Avenida Almirante Reis, tal como foi proposta pelos dois autarcas do CDS – Vítor Teles e Frederico Sapage Ferreira – entre os números 1 e 13 da referida avenida.

O texto foi partilhado pelo CDS Arroios nas redes sociais e ganhou dimensão política, deixando um lastro de incómodo e críticas dentro do próprio CDS.

Margarida Martins não comenta a polémica, mas lembra que a sua freguesia tem dado exemplos de soluções com o apoio de todos os partidos. Foi o caso da Casa da Diversidade – Centro Municipal LGBTI e Centro Municipal para a Interculturalidade, previsto para o Mercado Forno de Tijolo. A proposta partiu do BE mas que foi apoiada por todos, inclusive pelo CDS.

Sobre a iniciativa em concreto, o processo ainda vai ser avaliado para apresentar uma solução que registe o Dia internacional Contra a Homofobia e Transfobia.

A versão inicial previa a pintura de passadeiras arco-irís, e no CDS, as primeiras críticas surgiram mal a moção – que funciona como uma recomendação– foi aprovada. O presidente da distrital do CDS/Lisboa, João Gonçalves Pereira escreveu no Facebook: “Peço desculpa, mas não subscrevo!”. Ao i, o dirigente nada mais quis acrescentar.

Do lado da direção do partido a ordem foi a de remeter uma posição oficial para a concelhia do CDS/Lisboa e o CDS Arroios veio, de imediato, explicar que as propostas da estrutura local “vinculam única e exclusivamente os autarcas eleitos democraticamente nesta freguesia”.

Porém, o CDS Arroios não gostou de ver as redes sociais inundadas de críticas à proposta: “O nosso foco é apenas um: trabalhar em prol da inclusão social, em vez de promover o totalitarismo de teorias sociais identitárias que não subscrevemos”.

Pedro Pestana Bastos, que foi candidato do CDS em Loures nas últimas autárquicas, também se insurgiu nas redes sociais contra a proposta dos colegas de partido. “Bem sei que para alguns por vezes é cool aparecer com uma imagem moderninha mas isto é um completo disparate”, escreveu Pestana Bastos contestando a ideia, não só por razões de segurança , mas também porque o dinheiro dos contribuintes não deve ser gasto “em fantochadas”. “Não brinquem com coisas sérias”, pediu o militante centrista.

Do lado da Tendência Esperança em Movimento do CDS, Abel Matos Santos acrescentou que a “ inclusão não se faz gastando dinheiro e recursos escassos a pintar passadeiras com cores LGBT, o que é ilegal e perigoso”. As críticas chegaram ao PSD. O presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton considerou que “o folclore das épocas eleitorais chega a ser divertido”.