O plástico está a sufocar o planeta!

Passei um destes dias pelo paredão Estoril-Cascais e fui agradavelmente surpreendido por uma magnífica exposição fotográfica promovida pelo Jardim Zoológico, com o patrocínio da Câmara Municipal de Cascais (ou vice-versa?), chamando a atenção para uma série de animais que habitam o nosso planeta e que, sob o lema ‘Ameaçados pela Ação do Homem’, estão em…

Passei um destes dias pelo paredão Estoril-Cascais e fui agradavelmente surpreendido por uma magnífica exposição fotográfica promovida pelo Jardim Zoológico, com o patrocínio da Câmara Municipal de Cascais (ou vice-versa?), chamando a atenção para uma série de animais que habitam o nosso planeta e que, sob o lema ‘Ameaçados pela Ação do Homem’, estão em risco de desaparecer.

Um guia do Jardim Zoológico explicava com paciência os riscos que ameaçam diferentes espécies – desde os óryx aos golfinhos, às tartarugas ou a pássaros como o mainá-do-Bali ou a catatua de crista amarela. 

Sem querer ser exaustivo, para além desta exposição merecer uma visita por parte daqueles que gostam da natureza, acho que complementa muito bem a ‘National Geographic Summit 2019’ que decorreu no passado dia 29 no Porto e que fez um desassombrado alerta sobre o ambiente.

Infelizmente não pude ir ao Porto, por razões profissionais urgentes, mas fiquei com imensa pena. Acompanhei as diferentes notícias publicadas na comunicação social e os diferentes discursos, a problemática dos plásticos na natureza e a autêntica devastação que está a provocar nos oceanos, a ‘economia circular’ ou o ‘desperdício zero’. 

Do que li, quero salientar – a título explicativo para os leitores – alguns aspetos inerentes às diversas intervenções. Por exemplo, sobre a ‘economia circular’, falou-se dos benefícios da existência de produtos regenerativos que permitam a sua reutilização no fim da vida – gerando mais oportunidades de vender e revender o mesmo produto e provocando menos desperdício. O tema do ‘desperdício zero’ está clarissimamente ligado a este, se houver a preocupação de ser mais criativo de forma a produzir menos lixo.

Deixo para o fim o tema mais dramático: a vida nos oceanos e como ela pode ser impactada pelo lixo produzido. 

Os números são assustadores: cerca de 90% do lixo que flutua nos oceanos é plástico, pelo facto de não ser degradável. Metade do plástico foi produzido nos últimos 15 anos! Não admira o efeito devastador nas pradarias marinhas, em que um terço já desapareceu e 30/40% pode perder-se nos próximos 100 anos. Para não falar nas dezenas de baleias, tartarugas e peixes mortos por ingestão de plástico. Nem admira que muito do peixe que ingerimos tenha plástico.

Termino com estes números frios: em Portugal, anualmente, consumimos 721 milhões de garrafas de plástico, 259 milhões de copos descartáveis, 1.000 milhões de palhinhas, 40 milhões de embalagens descartáveis (take away, fast food), 10 mil milhões de beatas! Em 2017, cada cidadão produziu 1,32 kg de lixo por dia, com a agravante de 83,5% do lixo urbano ser indiferenciado. Mesmo conscientes dos riscos do plástico, mais de metade dos portugueses não mudaram comportamentos e muitos ainda desconhecem produtos alternativos. 

Vão-se tomando medidas: a partir de 2020, em Lisboa, serão proibidos copos descartáveis. Desde 1 janeiro que já são proibidos, no Estado, concursos para aquisição de copos, palhinhas ou colheres de café descartáveis. Mas há um longo caminho a percorrer, que tem de começar na educação e nas campanhas de sensibilização da população, também para responder à questão transversal da Summit: ‘Planeta ou Plástico?’.

P.S. 1 – Casillas é Casillas! Merece o respeito de todos os desportistas, qualquer que seja o clube. Por isso, fiquei extremamente satisfeito pelos votos formulados pelo Benfica (e pelo Sporting), a reconhecer que há figuras que, pelo prestígio granjeado, estão acima das tricas clubistas. Mesmo neste conturbado mundo do futebol indígena, em que só há suspeições e nunca se reconhecem méritos aos adversários.

P.S. 2 – Já se conhecem as razões do acidente no Caniço, em que infelizmente faleceram 29 turistas alemães? Localmente, as versões são diversas; mas conversando com populares, há um enorme respeito pelo motorista profissional, com mais de 30 anos de uma carreira imaculada, ao que afirmam, e seria muito bom conhecer os resultados das perícias independentes para tentar perceber o que motivou tamanha desgraça. Para ilibar quem tiver de o ser e sem quaisquer preocupações de saber quais os seguros a serem acionados.