Tiroteio mata oito no Rio de Janeiro e obriga crianças a fugir

O objetivo da operação policial era prender o traficante Thomas Jayson Vieira, conhecido como 3N. O método ecoa a política securitária proposta pelo novo governador, Wilson Witzel.

Pelo menos oito pessoas morreram ontem, numa operação policial no Complexo da Maré, uma favela no norte do Rio de Janeiro. As crianças da Orquestra Maré do Amanhã precisaram de se esconder dos disparos no corredor da sua escola, que teve de suspender as aulas. As imagens de crianças a fugir pelas ruas, ao som de uma intensa troca de tiros marcaram o dia no Brasil. A operação teve recurso a um helicóptero e levou à detenção de quatro pessoas, bem como à apreensão de sete espingardas e uma granada. O objetivo foi prender o traficante fugitivo Thomas Jayson Gomes Vieira, conhecido como 3N. 

"Houve resistência dos criminosos e oito traficantes foram abatidos a tiro na confrontação", afirma um comunicado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que acrescenta que "três outros foram levados para a esquadra, incluíndo um dos guarda-costas de 3N e a sua mulher". 

A operação surge num momento em que o número de pessoas mortas pela polícia no Rio de Janeiro atingiu um recorde de 434 mortos no primeiro trimestre de 2019 – mais 18% que o ano passado. A operação para deter 3N ecoa as propostas do novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que tomou posse no início do ano e sugeriu que fossem utilizados helicópteros e snipers para abater barões do crime – algo que está em linha com as duras medidas securitárias propostas pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.