Costa afasta interesse em cargos europeus: “Não sou candidato a nada”

Primeiro-ministro afasta qualquer interesse em cargos europeus, mas pretende ter papel ativo na escolha dos novos rostos após as eleições

O primeiro-ministro, António Costa, viu-se hoje obrigado a dizer que não está na corrida a qualquer cargo europeu,  um esclarecimento feito antes da realização do conselho europeu informal, na câmara municipal de Sibiu, Roménia. “É muito elogioso, mas eu não sou candidato a nada a não ser às funções que exerço em Portugal”, declarou António Costa aos jornalistas, citado pela TSF, depois de ser confrontado por aquela estação de rádio  sobre a hipótese de ser um dos candidatos à sucessão do presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk. 

O cenário foi admitido na imprensa internacional numa lógica em que o primeiro-ministro português poderia ser um dos candidatos à sucessão de Tusk, após as eleições europeias.

Costa fez questão de dizer aos jornalistas, em declarações transmitidas pela RTP, que tal cenário, ventilado, por exemplo, pelo Finantial Times há alguns dias, não passava disso mesmo: um cenário “muito elogioso”. A 5 de Maio, o Finantial Times apontou o primeiro-ministro português, António Costa, numa lista de hipóteses fora da caixa para suceder a Tusk. Que termina o mandato a 30 de novembro.

Costa preferiu assegurar que  pretende ser “parte ativa na decisão de qual deva ser a equipa dirigente da União Europeia a seguir às eleições europeias”, não querendo também entrar na chamada ‘guerra de tronos’  por cargos na Europa. 

A especulação sobre o nome do primeiro-ministro português para um cargo europeu não é nova. Há cerca de um ano quando se começaram a discutir os candidatos das famílias europeias à sucessão de Jean-Claude Juncker, também o nome do governante foi mencionado nas chamadas conversas de corredor em Bruxelas. Nada com qualquer efeito ou consequência, ao contrário do que se passou, por exemplo em 2004, quando o nome de Durão Barroso, então primeiro- ministro começou a ser falado para presidir à Comissão Europeia. Nessa altura, a especulação, que teve adesão à realidade semanas mais tarde, começou após as eleições europeias desse ano.  O visado fez saber que não estava na corrida, após várias notícias de agências de informação internacionais e do Público, a 22 de junho de 2004.  Contudo, uma semana depois, Barroso foi a Belém informar o então Presidente da República, Jorge Sampaio, das suas intenções de suceder ao italiano Romano Prodi. Só colocava uma condição: não existir eleições antecipadas. A ideia só vingou alguns meses. O país foi a votos em eleições antecipadas em 2005. 

Dia da Europa na Roménia

O conselho informal, marcado para o Dia da Europa , na Roménia serviu também para definir o calendário para a escolha dos lugares em aberto após as eleições europeias, que se realizam entre 23 a 26 de maio ( no caso português será no dia 26). Em causa estão os cargos de presidente da Comissão Europeia, ocupado atualmente por Jean-Claude Juncker, o do presidente do conselho europeu, nas mãos de Donald Tusk, bem como  o do alto representante da União Europeia para Política Externa e Segurança. Que atualmente é desempenhado pela italiana Federica Mogherini. Para o efeito, haverá uma cimeira extraordinária a 28 de maio, em Bruxelas, para iniciar o processo de nomeações.

Aos jornalistas, António Costa lembrou que as escolhas dependerão do resultado das Europeias. Ou seja, será necessário esperar 15 dias para se ter o cenário completo. Contudo, Costa acrescentou, citado pela Lusa que “é claro para todos que vai haver um grande equilíbrio entre as diferentes forças europeias”. Desse equilíbrio de forças resultará o quadro de escolhas para a hierarquia europeia e Costa espera que os socialistas contrariem a perceção de que estão em perda na Europa.