Confessor de Lech Walesa acusado de pedofilia

O caso foi revelado no documentário polaco ‘Não Contes a Ninguém’, que já teve mais de 7 milhões de visualizações este fim-de-semana

Um dos padres acusados de pedofilia no documentário 'Não Contes a Ninguém' – que já teve mais de 7 milhões de visualizações desde que foi lançado, este sábado – é Franciszek Cybula, que foi confessor do prémio Nobel da Paz Lech Walesa durante 15 anos. O fundador do Solidarnosc – um dos principais arquitetos da queda da União Soviética – já comentou ao jornal Polska The Times: "É triste para mim descobrir que o meu capelão, o meu confessor, se comportava tão mal".

O documentário alega que a Igreja mantinha a prática de apenas mudar de paróquia padres pedófilos, permitindo-lhes continuar os abusos. Uma revelação com particular impacto na Polónia, um país profundamente católico, onde a Igreja tem grande influência. A própria Igreja polaca publicou um estudo em que admitiu ter recebido denúncias do abuso de 625 crianças, desde 1950 – mais de metade delas relativas a vítimas com menos de 15 anos na altura. "A Igreja somos todos nós, devemos rezar pelos padres, e os altos cargos do clero devem agir", apelou Walesa.

O assunto ganhou particular relevo no contexto das eleições europeias, disputadas por partidos liberais que acusam a Igreja de ter demasiado poder no país e o partido governante Lei e Justiça (PiS), que defende o catolicismo como elemento chave de uma suposta indentidade nacional. Ainda assim – face ao descontentamento popular quanto aos sucessivos casos de abusos na Igreja – o líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski, prometeu pesadas penas de prisão contra pedófilos, este domingo.