Campolide retira cores do arco-íris das passadeiras

Campanha será substituída pela pintura dos pilaretes

A Junta de Freguesia de Campolide retirou as cores da bandeira LGBTI das passadeiras de peões, depois da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) alertar para o facto de a iniciativa se encontrar “em desconformidade” com o Regulamento de Sinalização de Trânsito (RST).

“O parecer da ANSR não coloca em causa o simbolismo da campanha de pluralidade que a Junta de Freguesia de Campolide está a concretizar, vem no sentido da reposição da cor contrastante nas faixas, facto que será concretizado", lê-se numa nota do gabinete de André Couto, presidente da Junta de Freguesia de Campolide, citada pela agência Lusa.

Em declarações à agência Lusa, a ANSR explicou que as ‘novas’ passadeiras não garantem condições de segurança. “As passagens para peões são instaladas sobre o pavimento de cor uniforme, tendo em vista garantir o contraste com o branco da marca rodoviária e, assim, uma adequada visibilidade e reconhecimento, nomeadamente, por parte dos condutores".

Desta forma, a Junta de Freguesia de Campolide vai repor a cor contrastante entre faixas e vai pintar os pilaretes.

"A campanha será agora substituída pela pintura dos pilaretes que assinalam as passadeiras, iniciativa que já recebeu a aprovação da autarquia de Lisboa", acrescenta o comunicado de André Couto, que informa ainda que a decisão surge “no seguimento de um diálogo” mantido com a ANSR e com a Câmara de Lisboa.

"Somaremos assim dois importantes impulsos de consciencialização das comunidades: contra as discriminações em função das orientações sexuais, género, religião, idade e raça e contra a tragédia dos atropelamentos de peões em meio urbano", refere a nota.

José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária (PRP), já havia alertado, em declarações ao i, para os perigos da iniciativa.“Pintar as passadeiras com outras cores, mesmo mantendo o branco e colocando as outras cores nos intervalos, é alterar o sinal, o que significa que o sinal deixa de ser uma passadeira. Portanto, alguém que seja atropelado ali, em vez de ser atropelado numa passadeira, é atropelado na estrada, porque aquilo já não é uma passadeira. O sinal não é só as listas brancas, é o global”.

“Acho grave que os responsáveis políticos estejam a fazer uma coisa que é uma ilegalidade e que retira o valor do sinal à passadeira”, defendeu, lembrando que os condutores deixam também de estar obrigados a parar e a ceder passagem.