Hospital de Cascais- Ministério Público vai investigar falseamento de dados

Atuais e ex-funcionários afirmam ter de aligeirar situação clínica dos doentes para que o sistema lhes atribuísse pulseira verde

O Ministério Público vai investigar as denúncias que dão conta de que o Hospital de Cascais falsifica resultados clínicos e adultera o sistema de triagem das urgências.

A confirmação foi esta quarta-feira dada ao i pela Procuradoria-Geral da República: “O Ministério Público determinou a abertura de um inquérito que corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal de Sintra”.

Tal como já tinha sido noticiado esta quarta-feira, as suspeitas que recaem sobre a unidade hospitalar já levaram a que o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Francisco Ramos, determinasse a abertura de um processo de inspeção. Em comunicado, o conselho de administração do Grupo Lusíadas, responsável pela gestão do Hospital de Cascais através de uma parceria público-privada – afirmou esta terça-feira não ter conhecimento de qualquer situação em que dados tenham sido falseados.

“O Hospital de Cascais repudia e nega formalmente qualquer envolvimento no falseamento de quaisquer resultados clínicos ou de quaisquer algoritmos de sistema de triagem”, afirmou. O conselho de administração frisou ainda que “os processos internos de triagem do Hospital de Cascais são auditados regularmente por equipas de auditoria internas certificadas e anualmente pelo Grupo Português de Triagem”.

Numa reportagem da SIC, vários antigos e atuais funcionários asseguraram que tinham de retirar gravidade à situação dos doentes nos registos de forma que o sistema de triagem gerasse uma pulseira verde, e não uma amarela. O objetivo era não ultrapassar os tempos máximos de espera – situação que pode levar as unidades hospitalares a incorrerem em penalizações financeiras. 

As denúncias chegaram logo à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e ao Ministério Público, que esta quarta-feira confirmou a instauração de um inquérito para apurar responsabilidades. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, e Alexandre Lourenço, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, já se mostraram preocupados e lançaram duras críticas a este tipo de práticas.