Salvini: “Extremistas são os que governam a Europa há 20 anos”

O líder da extrema-direita italiana manifestou o desejo de mudar a realidade do continente após as eleições europeias que decorrem no próximo sábado

Matteo Salvini, líder do Liga e vice-primeiro-ministro do Governo de coligação italiano, declarou este sábado que em Itália "não há extrema-direita, mas uma política do senso comum". "Os extremistas são aqueles que têm governado a Europa nos últimos 20 anos", disparou, num comício realizado numa das principais praças de Milão, que contou com a presença de outros 11 partidos nacionalistas europeus, entre os quais o francês União Nacional, liderado por Marine Le Pen, e o holandês PVV, de Geert Wilders – além de centenas de apoiantes, mas também de opositores do partido, que se aglomeraram no recinto apesar da muita chuva que caiu.

Quando se preparava para discursar, de resto, Salvini ouviu gritos de "Fascistas, saiam de Milão", aos quais respondeu de pronto. "Não há extremistas, racistas ou fascistas nesta praça. Aqui não vão encontrar a extrema-direita, mas os políticos sensatos. Os extremistas são aqueles que governaram a Europa nestes últimos 20 anos. A diferença é entre aqueles que olham para a frente, aqueles que falam sobre o futuro e trabalham e aqueles que fazem processos do passado. Nós estamos a construir o futuro", declarou o também ministro do Interior italiano.

Um dos temas em destaque no comício foi, como não podia deixar de ser, o das migrações e dos refugiados. A posição dos partidos presentes ficou bem patente no discurso de Salvini, mas também de outros líderes, como Marine Le Pen. "Se formos o primeiro partido na Europa, a política anti-imigração chegará a toda Europa e mais ninguém entrará aqui", declarou Salvini, antes de acabar a sua intervenção agarrado a um rosário e, invocando as raízes católicas da Europa, confiando a sua vida "ao coração imaculado de Maria" – que o irá ajudar a alcançar a vitória, acredita. Já Le Pen afirmou que a atual União Europeia submete os Estados a uma "oligarquia sem raízes e sem alma" e "coloca em perigo os povos". "A Europa pode encontrar a sua coerência e a sua força apenas nas nações que a compõem. A 26 de maio, levaremos a revolução a toda a Europa. A 26 de maio, iremos devolver o poder aos povos e a Europa voltará a levantar a cabeça", disparou, completando: "Dizemos não a esta imigração que submergiu as nossas nações, colocando em risco as nossas populações”.

Geert Wilders foi ainda mais longe, salientando a necessidade de travar "a islamização da Europa". "Para sermos pessoas livres, devemos ser fortes. Temos de defender as nossas nações, ter mais soberania nacional e assumir a responsabilidade dos nossos países. Chega de imigração. Chega de Islão", proclamou, elogiando Salvini pelas suas posições políticas em relação ao tema.

Matteo Salvini, segundo a imprensa italiana, acalenta o objetivo de formar uma aliança nacionalista parlamentar após as eleições europeias, agendadas para o próximo fim de semana, com projeções recentes a indicar que esta aliança poderá tornar-se a terceira força política no futuro Parlamento Europeu.