Segurança do Urban Beach ouvido pela primeira vez em tribunal diz ter temido pela sua vida

“Não é por acaso que seguranças já foram executados em discotecas, não muito longe dali. Não sabia o que é que ele tinha no carro, se tinha mais gente”, disse um dos seguranças em declarações.

O julgamento de um dos casos de agressão na noite de Lisboa mais polémico dos últimos tempos ainda se encontra a decorrer. Os três seguranças que agrediram um jovem na discoteca Urban Beach, em Santos foram ouvidos esta terça-feira.

Quando questionado sobre o porquê de ter saltado com os pés em cima dos braços do jovem André Reis, um dos seguranças envolvidos no caso, David Jardim, disse que o fez para se defender do rapaz que tinha um x-ato na mão. “Estava com receio do que poderia fazer com o x-ato e de meter ali as mãos. Não sabia se me poderia cortar”, explicou David Jardim, na primeira vez que falou em tribunal, citando o Observador.

Segundo o segurança, quando este chegou ao local, o jovem já se encontrava no chão e quando Jardim o quis ajudar a levantar-se André começou a insultá-lo e a lançar ameaças, dizendo que “as coisas não iriam ficar assim”.

Quando reparou que André se estava a dirigir ao carro, Jardim, com receio do que o jovem pudesse fazer, decidiu agarrá-lo e colocá-lo no chão de novo. “Não é por acaso que seguranças já foram executados em discotecas, não muito longe dali. Não sabia o que é que ele tinha no carro, se tinha mais gente”, disse em declarações.

Em tribunal, Jardim foi questionado sobre a segurança de André Reis. Os juízes perguntaram-lhe se este nunca receou que o x-ato pudesse ferir a vítima, visto encontrar-se junto ao seu peito e os seguranças estarem a pontapeá-lo múltiplas vezes perto dessa zona.

 O segurança disse que o x-ato estava fechado, logo, nunca temeu pela segurança do jovem mas sim pela sua e dos seus colegas, pois André poderia abrir o objeto a “qualquer momento”.

Além de David Jardim, Pedro Inverno e João Ramalhete foram acusados de homicídio qualificado na forma tentada devido à agressão ao jovem André Reis e Magnunson Brandão no exterior da discoteca Urban Beach, no dia 1 de Novembro de 2017.

 

Os três seguranças requereram a abertura de instrução, mas foi decidido pelo tribunal que estes seriam julgados como pessoas conscientes do risco das agressões aos jovens. Os ataques e os ferimentos causados “poderiam ter determinado a morte dos mesmos”, de acordo com o Ministério Público.

Esta foi uma das duas sessões agendadas, depois das alegações finais terem sido adiadas. Devido a um problema com a gravação do primeiro interrogatório judicial do arguido Pedro Inverno, a sessão de 14 de maio acabou por não ocorrer e adiou todo o processo. Uma nova sessão encontra-se marcada para dia 28 de Maio.