Boicote em Morgade contra a mina de lítio

A população da freguesia de Morgade, no concelho de Montalegre, boicotou totalmente as eleições, contra a anunciada mina de lítio naquela localidade do Alto Tâmega, da região de Trás-os-Montes, que, segundo Armando Pinto, do Movimento Montalegre com Vida, “se fosse para a frente iria causar danos irreparáveis em todo o ecossistema desta zona”.

“Não há mina, sim à vida”, era a palavra de ordem, tendo Armando Pinto, em nome de toda a população que boicotou em peso o ato eleitoral, afirmando que “aqui ninguém quer uma mina a céu aberto, nas nossas aldeias, que pretende funcionar 365 dias por ano, tendo o propósito de movimentar toneladas de terra, numa cratera com 800 metros de diâmetro e 350 metros de profundidade, o que causaria danos irreparáveis no nosso ecossistema”.

Começou por ser feito um apelo à abstenção e as portas da secção de voto foram fechadas a cadeado, mas mesmo após a GNR de Montalegre, com a colaboração de um serralheiro, ter aberto o edifício da Junta de Freguesia de Morgade, ninguém, ninguém mesmo, votou.

Durante a manhã, concentraram-se cerca de meia centena de pessoas nas imediações da sua sede da autarquia local, prometendo manter o boicote “enquanto não for afastada esta ameaça da mina a céu aberto, que só iria trazer a desgraça para estas gentes da freguesia”.

“Estamos a fazer um voto de protesto, ou seja, recusamos votar porque não concordamos com aquilo que o nosso Governo está a fazer com a nossa terra, porque se é este tipo de desenvolvimento que eles querem para estas regiões do interior, nós não concordamos”, acrescentou Armando Pinto, enquanto porta-voz da Associação Montalegre Com Vida,  era secundado por dezenas de populares, garantindo ter o presidente da Câmara Municipal de Montalegre, Orlando Alves, “inteiramente do nosso lado, ele não se deixou comprar”.

Esta associação está em fase de legalização e tem como objetivo lutar contra a exploração de lítio na freguesia, numa altura em que está assinado um contrato de exploração entre o Estado português e a empresa Lusorecursos, uma empresa sediada em Braga, que referiu já “não haver danos ambientais” e se propor “desenvolver toda a região do Alto Tâmega”.