Montepio. Lucros sobem para 6,5 milhões no 1.º trimestre

Custos operacionais recuam em 2,6 milhões, enquanto as comissões ultrapassaram os 28,3 milhões neste período

O Banco Montepio lucrou 6,5 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre. Um aumento de 800 mil euros face aos 5,7 milhões de euros totalizados em igual período do ano anterior, revelou esta quinta-feira a instituição financeira, em comunicado ao mercado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

De acordo com a instituição financeira, este crescimento justifica-se com as “evoluções favoráveis do produto bancário ‘core’ e na redução dos custos operacionais e das dotações para imparidades e provisões”.

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O produto bancário aumentou 1,2 milhões de euros (mais 1,4% face a igual período do ano passado), nos primeiros três meses do ano. Esta subida, segunda o banco liderado por Dulce Mota, deve-se ao “contributo favorável da margem financeira”, que ascendeu a 61,1 milhões de euros, valor que compara com os 59,9 milhões de euros registados no período homólogo.

As comissões líquidas da instituição financeira ascenderam a 28,3 milhões de euros neste período, “em linha com as comissões apuradas no período homólogo de 2018, em consequência das reduções das comissões associadas ao crédito e à prestação de serviços diversos, apesar do aumento observado nas comissões com serviços de pagamento e com mercados”.

Já os resultados de operações financeiras foram negativos em 1,3 milhões de euros, o que compara com as perdas de um milhão de euros registadas no primeiro trimestre de 2018.

Os custos operacionais “evoluíram favoravelmente traduzindo o impacto das medidas adotadas com vista ao aumento dos níveis de eficiência”, registando assim uma redução de 2,6 milhões de euros (-4,1%) no primeiro trimestre, suportada pela diminuição de 3,8 milhões de euros nos custos com pessoal, dos quais 3,4 milhões de euros resultam da alteração da contabilização dos proveitos com a cedência de pessoal, na diminuição dos gastos gerais administrativos de 1,1 milhões de euros (-6,3%) e no aumento de 2,2 milhões de euros (+37,9%) das depreciações e amortizações”.

No final do primeiro trimestre de 2019, a dívida emitida do Banco Montepio ascendeu a 1.125 milhões de euros, uma redução de 19 milhões de euros face ao valor de 31 de dezembro de 2018, “em consequência, por um lado, dos reembolsos de obrigações de caixa no montante de 97 milhões de euros e da redução de 22 milhões de euros em outras emissões e, por outro lado, da emissão de 100 milhões de euros de dívida subordinada realizada no primeiro trimestre de 2019”.

Na mesma altura, a base de depósitos de clientes atingiu 12.462 milhões de euros, mais 291 milhões de euros em relação ao valor registado em 31 de março de 2018, “reflexo do efeito da dinâmica comercial imprimida em 2018, representando 75% das fontes de financiamento”.

Contas aprovadas e BEM avança Esta segunda-feira foram aprovadas por unanimidade as contas da instituição financeira em Assembleia-Geral referentes a 2018  e que se fixaram em de 12,5 milhões. A PricewaterhouseCoopers (PwC) também foi eleita por unanimidade, assim como o revisor oficial de contas do Banco Montepio para o triénio 2019-2021. 

Nesta altura, o banco está a braços com o lançamento do Banco de Empresa Montepio (BEM) que foi apresentado com a ideia de quer iria “ajudar a resolver problemas há muito identificados no nosso tecido empresarial, como os constrangimentos à capitalização e ao acesso a fontes de financiamento alternativas por parte das empresas”. O objetivo seria “suprir falhas do mercado” e responder às necessidades de crescimento do tecido empresarial português, num universo potencial de mais de cinco mil empresas. Ainda esta quinta-feira, o conselho de administração e a comissão executiva do Banco Montepio – liderados por Carlos Tavares e Dulce Mota respetivamente – sublinharam ontem em comunicado que “repudiam qualquer tentativa de criação artificial de divisões a propósito de uma iniciativa que constitui um elemento crucial do plano de transformação e que fará a diferença da atuação do Grupo Montepio no segmento das empresas”, acrescentando que o que está em execução “um extenso e profundo plano de transformação, que visa dotar o banco de maior eficiência, modernidade e foco na qualidade dos serviços prestados aos clientes”.

O BEM contará com dez espaços empresa – situados em Aveiro, Braga, Leiria, Lisboa e Grande Lisboa, Porto e Grande Porto, Faro e Viseu – e trabalha apenas com quem tenha uma faturação superior a 20 milhões de euros.

Tal como o SOL avançou a ambição de Carlos Tavares é abrir o capital do BEM a investidores externos. Atualmente o capital do banco de empresas é de 180 milhões de euros, mas poderá vir a ter de reforçar capital e a Associação Mutualista poderá não ter capacidade de injetar dinheiro. Aliás, essa hipótese de abrir capital a outros investidores chegou a ser referida por Carlos Tavares num encontro de quadros realizado em novembro, em Ílhavo.