EDP. China Three Gorges quer fusão com ativos da empresa no Brasil

A junção das duas empresas daria à empresa chinesa o controlo de cerca de dois terços da entidade combinada.

A China Three Gorges (CTG), maior acionista da EDP com 23,27% do capital, quer fundir os ativos que detém no Brasil com os da elétrica portuguesa no mesmo país. Se a operação avançar, a CTG poderá vir a controlar a nova empresa que resulte da fusão, revelou a Bloomberg, citando fontes próximas do processo.

Esta ideia não é nova e já tinha sido posta em cima da mesa com o fim da Oferta Pública de Aquisição (OPA). No dia em que foi conhecido o desfecho da OPA, o CEO da EDP, António Mexia, chegou a garantir que estava “tudo em aberto”.  O presidente da elétrica disse ainda que “desde que a CTG entrou, sempre trabalhámos em conjunto. Trouxe capacidade de intervenção de forma que não tínhamos. Só aquilo que crie valor para todos os acionistas é que tem sido feito e que continuará a ser feito”, referiu. 

Com esta solução, o conglomerado chinês não ficaria exposto aos riscos regulatórios dos Estados Unidos e da União Europeia, onde a EDP tem vários negócios. Ao mesmo tempo, evitaria as críticas de um negócio falhado embora a decisão tenha ainda de passar pelos reguladores chineses.

Presença forte no Brasil 

Uma alternativa que, na altura, segundo a analista da XTB, fará sentido. “As empresas mantêm-se juridicamente independentes e terão que decidir se se manterão independentes ou criarão uma empresa única. Ambas as empresas já têm uma presença forte no Brasil, por exemplo, e poderão aproveitar um esforço conjunto e mais eficiente para explorarem outros mercados”, referiu ao i, Carla Maia Santos. 

No caso específico do Brasil, a EDP Energias do Brasil – detida em 51% pela EDP – tem uma capitalização de mercado de 2,8 mil milhões de dólares e a CTG tem ativos não listados no país. As duas empresas já formam uma parceria num projeto no Peru. Trata-se da Hydro Globale que ganhou, em 2017, o concurso para construção e exploração de uma barragem naquele país, num investimento estimado de 500 milhões de dólares. 

Agora a ideia é combinar os ativos do acionista chinês no Brasil com a EDP Energias do Brasil. Como os ativos da CTG têm um valor estimado de 5,6 mil milhões de dólares, a junção das duas empresas daria à empresa chinesa o controlo de cerca de dois terços da entidade combinada.

“Esta joint venture permite aproveitar o Know-how de ambas as empresas, aproveitar novas tecnologias, conseguindo uma posição mais forte nos países da América Latina e competir de forma mais eficiente no mercado estrangeiro. As duas empresas poderão aprender uma com a outra, ultrapassando mais facilmente os desafios de entrada em novos mercados e de forma a terem uma estrutura mais sólida na concorrência com os seus pares”, lembrou a analista.

Esta solução surge, no momento, em que a EDP quer investir 3,5 milhões em central fotovoltaica no Alqueva até 2020. O projeto vai contar com 11 mil painéis e uma produção de seis mil MWh.