10 biopics musicais a que vale a pena regressar

Com Rocketman nas salas, depois da febre em torno de  Bohemian Rhapsody, o SOL sugere-lhe dez dos melhores biopics musicais de todos os tempos. Aos quais vai querer regressar.

Depois do sucesso comercial de Bohemian Rhapsody, que apesar de não tão bem recebido pela  crítica deu a Rami Malek o seu primeiro Óscar, pela interpretação de Freddie Mercury, e com Rocketman, o filme de Dexter Fletcher sobre Elton John nas salas, anunciados estão já outros títulos que não passarão despercebidos: para 2020, foi anunciado The Power of Love, sobre Céline Dion; em preparação está um filme não autorizado sobre a primeira digressão de David Bowie. 

E ainda, apesar de num registo diferente, também The Boss dará que falar com o filme Gurinder Chadha que está prestes a estrear: Blinded by the Light, com a história de um adolescente que, no Reino Unido de Tatcher, encontra o seu lugar através da música de Bruce Springsteen. 

O biopic musical começa a dar ares de se ter transformado no novo filão da indústria. Não se trata contudo de um género novo, pelo contrário. Como nem só as estrelas de rock dão boas histórias – veja-se o sucesso  de Amadeus, com que Milos Forman venceu, em 1984, oito Óscares. Em semana de Rocketman uma viagem por dez dos melhores biopics das últimas décadas.

1. I’m Not There
Depois de uma primeira incursão pela indústria musical da Inglaterra da década de 1980, em Velvet Goldmine (1998), Todd Haynes realizou uma das referências obrigatórias no que ao género diz respeito – ainda que não da forma mais convencional. Isto porque em I’m Not There, filme de 2007 sobre a vida de Bob Dylan, o músico não surge exatamente na forma de uma personagem, mas de seis, com seis atores, cada um interpretando uma faceta diferente da vida e da obra do músico entretanto distinguido com o Nobel da Literatura. Já dizia o cartaz do filme, marcado pela sua fotografia, a preto e branco: «Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger, Ben Whishaw are all Bob Dylan» (todos são Bob Dylan). 

2. Miles Ahead
Mais recente é o aclamadíssimo, e não menos controverso, Miles Ahead em que, em 2015, o ator entretanto feito também realizador Don Cheadle lançou um olhar sobre Miles Davis, interpretado também por si próprio, na viragem para a década de 1980, tentando reencontrar um rumo para a sua carreira depois de um hiato de cinco anos, marcados pela dependência do álcool e de drogas. A ajudar a narrativa, a personagem ficcionada de um jornalista interpretado por Ewan McGregor. Uma dupla que, só por si, já fará um filme valer a pena. 

3. Control
Dificilmente a estreia do fotógrafo Anton Corbijn na realização poderia ter sido mais bem sucedida do que com Control (2007). Um filme a traçar um perfil de Ian Curtis, o lendário vocalista dos Joy Division que se suicidou com apenas 23 anos. Para o seu papel, Sam Riley, que teve com este papel a sua estreia – e que estreia – no cinema. 

4. Nowhere Boy
Na memória coletiva mais recente está ainda o documentário em que, através da recuperação de imagens de arquivo, Ron Howard nos trouxe de volta os Beatles no seu auge: entre os anos de 1963 e 1966, recuperando para o título uma das suas músicas: Eight Days a Week. Se o assunto fossem documentários a partir de imagens de arquivo, incontornáveis seriam, ambos do ano de 2015, Kurt Cobain: Montage of Heck (2015), de Brett Morgen, e Amy, estreado quatro anos após a morte de Amy Whinehouse, de Asif Kapadia. Mas fiquemo-nos, por ora, pelos Beatles. Ou por John Lennon, para lembrar Nowhere Boy (2009). O biopic, agora sim,  que, a partir das memórias da irmã do músico, Julia Baird, Sam Taylor-Johnson traça um intrigante retrato de John Lenon na sua adolescência, entre 1955, quando tinha apenas 15 anos, e 1960, o ano em que, com Paul McCartney, Ringo Star e George Harrison, fundou os Beatles. O argumento é do britânico Matt Greenhalgh, o mesmo argumentista de Control, de Corbijn.

5. What’s Love Got to Do With It
Muitos dos que no último ano vibraram com o Óscar para Rami Malek pelo filme em que foi Freddie Mercury já não terão memória daquele ano de 1993 em que tanto Angela Bassett como Laurence Fishburne foram nomeados para os Óscares pelas suas interpretações de Tina e Ike Turner no filme sobre a forma como Tina Turner chegou ao estrelato depois de quase não ter escapado a uma relação abusiva. 

6. Amadeus
Para algo completamente diferente, e porque qualquer resenha se quer eclética, recordemos Amadeus, realizado por Milos Forman já com a longínqua data de 1984. Tom Hulce é Wolfgang Amadeus Mozart num filme a provar que também um compositor de música clássica poderá, nestes tempos, ser elevado ao estatuto de rockstar. No ano seguinte, seria Amadeus o vencedor dos Óscares da Academia de Melhor Filme e Melhor Realizador, para Forman.

7. The Doors
Um dos títulos mais óbvios quando se pensa no género, mas incontornável, ainda assim, será este de 1991 que Oliver Stone batizou como The Doors apenas. E mais para quê se o que se conta é a história de Jim Morrison (aqui honrado por Val Kilmer), uma das maiores lendas do rock de todos os tempos, entre a sua banda?

8. La Vie en Rose
A vez em que Marion Cotillard foi Édith Piaf. Uma das mais icónicas vozes francesas, da infância passada com a avó, num bordel, até à transformação numa das maiores estrelas da música internacional do último século, depois de, aos 19 anos, ter sido descoberta a acantar numa esquina. 

9. Walk The Line
Joaquin Phoenix como Johny Cash. Só com isto, já promete este filme de 2005 de James Mangold, que mais recentemente realizou Logan (2017). Walk the Line, um biopic musical a respeitar o cânone, narra a vida de um dos grandes ícones do country, dos seus primeiros anos, entre plantações de algodão no Arkansas, aos anos do sucesso, em Memphis. E aí virão as outras estrelas: Elvis Presley (Tyler Hilton), Jerry Lee Lewis (Waylon Payne) e Carl Perkins (Johnny Holiday).

10. Sid and Nancy
John Lydon, que depois de sobreviver aos Sex Pistols fundou ainda, em 1979, os incontornáveis PiL (Public Image Ltd.) não gostou. Mas isso não impediu o filme de 1986 de Alex Cox de se tornar numa referência para a cena underground. Cortando a direito, a história de como o «sexo, drogas e rock’n’roll» às vezes mata. Explicando melhor: a história de como Sid Vicious, segundo este retrato, na relação com Nancy Spungen, que conheceu como sua fã. Nesses idos anos 80, foi Gary Oldman o lendário baixista punk, desaparecido em 1979, com apenas 21 anos. À sua volta, no elenco, teve Chloe Webb, David Hayman – e Courtney Love.