CGD. “Não me passou pela cabeça” que não houvesse garantia de Berardo

Ex-administrador do banco público. Francisco Bandeira disse que relatório da EY é “enviesado”. 

O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos não tem dúvidas: o relatório de auditoria realizado pela EY ao banco público “enviesado” e avaliou normativos antigos com regulamentos posteriores. É um relatório enviesado porque assenta numa amostra que não é minimamente representativa, baseado nos casos que geraram maiores imparidades”, disse Francisco Bandeira na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, no parlamento.

Francisco Bandeira, que foi administrador do banco público entre 2005 e 2011, classificou ainda de “inconsistente” e “pouco rigoroso” o documento, acrescentando ainda que é “descuidado, dado que são identificados inúmeros erros e incoerências”, nomeadamente “quatro situações que se referem a factos que não são verdadeiros ou não ocorreram”.

O responsável afirmou também que o processo de decisão na Caixa era “transparente”, apesar de reconhecer que houve um conjunto de créditos correu mal”, ainda assim, revelou que a razão para tal ter sucedido “não pode ser confinada à sua concessão”, ignorando o contexto da crise internacional. “O processo de decisão na Caixa é tecnicamente bem fundamentado e informado (…) pelo que que o processo de decisão é muitíssimo transparente”, disse aos deputados. 

O ex-administrador da CGD garantiu que o processo de decisão do banco incorporava “todo o normativo”, algo que “nem poderia ser de outra forma”.

“Pode dizer-se que todos fiscalizam todos, em matéria de cumprimento do normativo”, assegurou Bandeira, salientando que “o número de casos em que os administradores intervêm para procurar o consenso é muito diminuta”, uma vez que as decisões eram geralmente “tomadas em grande consenso”.
Francisco Bandeira disse ainda que “o banco público foi menos destruidor de valor do que os seus concorrentes” ao longo da crise financeira internacional.

Créditos ruinosos

Em relação às operações mais ruinosas da Caixa, Francisco Bandeira garante que nenhum desses créditos foi  proposto por uma direção do seu pelouro. “Nenhuma destas operações foi proposta por uma direção da qual tivesse o pelouro”. E considera também que não é possível exigir a todos os administradores um igual conhecimento de dossiês que não eram do seu pelouro.

Já em relação ao empréstimo dado por Joe Berardo, o ex-administrador do banco público mostrou-se convicto que a coleção de arte do empresário tinha sido dada como garantia quando os bancos assinaram o acordo com Berardo, admitindo que “nunca lhe passou pela cabeça” que esta situação não tivesse ficado acautelada. 

Quanto ao crédito cedido ao La Seda disse apenas que não podia responder por não estar a par. “Não pode querer que eu responda alguma coisa que não sei. Ou então minto. Não era da minha área, não houve uma decisão do conselho para tomar essa decisão”, salientou.