Quem é o duplo homicida de Amarante?

Investigadores não deram hipótese a Joaquim Ribeiro. Ontem, assim que localizaram o carro em que seguia bloquearam-lhe todas as saídas, pondo assim fim a uma fuga de nove dias.

O alegado duplo homicida de Amarante foi ontem detido pela Polícia Judiciária do Porto, em Felgueiras, quando, segundo admite a PJ, estaria a preparar a fuga para o estrangeiro. O homem foi capturado no momento em que saía da casa de um tio numa carrinha Mercedes, nove dias depois de supostamente por ciúmes ter morto a tiros de caçadeira a sua antiga amante e o atual companheiro desta, após os ter vigiado num carro que não costumava usar – foi o 15.º crime mortal de violência doméstica, em Portugal, desde que começou o ano, o que corresponde já à média de três crimes por mês, números nunca registados no nosso país.

A dupla tragédia segue-se a uma série de episódios de violência doméstica de que era vítima Sónia Leite, ultimamente a trabalhar com o seu atual companheiro, Joaquim Vaz, o dono da pastelaria à porta da qual foram cometidos os dois homicídios. Os crimes foram motivados pela decisão da mulher de por fim à tumultuosa relação há cerca de um ano – decisão o que o presumível homicida nunca aceitou de bom grado, mostrando-se especialmente agressivo a partir da ocasião em que Sónia Leite passou a viver com Joaquim Vaz, passando então a controlar os passos a ambos, situação que permitiu surpreendê-los e consumar a tragédia.

Joaquim Ribeiro, de 48 anos, suspeito do duplo homicídio cometido durante a terça-feira da semana passada, em Amarante, foi capturado ontem cerca das 7h30, na freguesia de Varziela, do concelho de Felgueiras, depois de diversas diligências da Polícia Judiciária do Porto, que numa operação perfeitamente enquadrada, não deu quaisquer hipóteses de fuga ou de reação ao empresário suspeito, bloqueando-lhe o automóvel, com diversas viaturas.

Arma do crime apreendida A arma de fogo que Joaquim Ribeiro terá utilizado para executar o crime, uma caçadeira, também já foi apreendida pela Polícia Judiciária, estando a ser alvo de perícias no Laboratório de Polícia Científica, enquanto durante a tarde de ontem os inspetores da Brigada de Homicídios da Diretoria do Norte da PJ fizeram diligências complementares para durante o dia de hoje terem o processo investigatório o mais completo possível a fim de o apresentar ao juiz de instrução criminal no Palácio da Justiça de Marco de Canaveses.

O suspeito da autoria do duplo homicídio andava a monte, já desde 28 de maio, depois de supostamente ser o autor do assassínio da sua antiga amante e do atual companheiro desta, em São Gens, no concelho Amarante, em frente à Pastelaria Delícias D’Avó.

Joaquim Vaz foi atingido no crânio com os disparos da caçadeira quando ainda estava dentro da sua carrinha, tendo tido morte imediata, enquanto a sua companheira, foi atingida no abdómen – tombou para o lado direito do carro e caiu no passeio, vindo a morrer poucas horas depois, já no Hospital de São João, do Porto. A mulher foi inicialmente socorrida pelos Bombeiros Voluntários da Lixa e uma equipa de médicos e de enfermeiros pertencentes à Viatura Médica de Emergência e de Reanimação (VMER).

O crime deixou dois órfãos, uma menina de 11 anos e um rapaz de quatro, este mais novo também filho do alegado homicida e que já antes vivia com os seus avós paternos, em Felgueiras, desde que os seus pais se separaram devido aos crimes de violência doméstica, motivando diversas queixas da vítima, junto das autoridades policiais, no Vale do Sousa.

PJ põe fim a fuga de nove dias Joaquim Ribeiro fugiu de imediato no automóvel da marca e modelo Opel Corsa, de cor branca pela Estrada Nacional 15, em direção à Lixa, não tendo deixado de ser procurado, de dia e de noite, por uma série de investigadores da PJ. Para isso foram inclusivamente acionadas as Brigadas de Vigilância.

O suspeito encontra-se agora na prisão anexa à Diretoria do Norte da Polícia Judiciária. O i sabe que Joaquim Ribeiro passou a noite especialmente vigiado para evitar um eventual suicídio.

Indiciado por dois crimes de homicídio qualificado, Joaquim Ribeiro incorre assim numa moldura penal de entre 12 e 25 anos de prisão por cada um dos assassínios, nunca podendo, se condenado pelos factos de que é suspeito ter uma pena única superior a 25 anos, dado o cúmulo jurídico.

“Traição” nunca perdoada O suspeito explorava há quase 20 anos a oficina Pneus Milénio, no Complexo Industrial da Vila da Longra, em Felgueiras, dedicando-se ainda a outros negócios. Tinha uma vida aparentemente desafogada e era casado, apesar de nunca ter perdoado a “traição” da antiga amante, após esta terminar uma relação amorosa que durou até há pouco mais de um ano.

Joaquim Alexandre Pereira Vaz, de 46 anos, foi sepultado no Mosteiro de Telões, em Amarante, de onde era natural.

Sónia Maria Pereira Leite, de 38 anos de idade, residia na Rua da Escalheira, da freguesia de Caramos, em Felgueiras, tendo sido sepultada no Cemitério Paroquial de Sernande, em Felgueiras, em cuja Igreja Matriz, foi celebrada missa do sétimo dia, ao final da tarde de ontem.

Outro caso de violência doméstica em Amarante Ontem, um homem foi detido em Amarante pela GNR, encontrando-se já preso preventivamente, por fortes suspeitas de crime de violência doméstica, incluindo ameaças de morte à frente dos filhos.

Numa investigação por violência doméstica, despoletada pela reincidência do suspeito nos maus tratos contra a sua ex-mulher – estava desde novembro de 2018, a cumprir uma pena suspensa de dois anos e nove meses, com proibição de contactos por qualquer meio com a vítima e de afastamento de residência – foi dado cumprimento a um mandado de detenção pela continuidade da prática de violência sobre a vítima.

Segundo refere a GNR, a vítima, uma mulher de 48 anos, sofria de violência psicológica, chegando até a ser ameaçada de morte na presença dos filhos, mesmo após a terem sido aplicadas as anteriores medidas de coação, culminando assim na sua detenção.