Presidente da TAP diz que prémios em ano de perdas “poderiam até ter sido maiores”

Em ano de perdas foram atribuidos 118 prémios num valor superior total a um milhão de euros

Depois de ser conhecido que a TAP distribuiu, em 2018, 118 prémios no valor de 1,17 milhões de euros num ano em que registou um prejuízo de 118 milhões de euros, os seis membros da administração da empresa nomeados pelo Estado convocaram esta quinta-feira uma reunião extraordinária, avança o Jornal de Negócios.

O Estado tem controlo sobre 50% do capital da TAP e fazem parte da administração: Miguel Frasquilho, António Gomes Menezes, Ana Pinho, Bernardo Trindade, Diogo Lacerda Machado e Esmeralda Dourado.

Antonoaldo Neves, presidente da Comissão Executiva da TAP, explicou que a atribuição de prémios individuais na empresa está prevista e que estes “poderiam até ter sido maiores se a empresa tivesse gerado lucro” no ano passado.

“Esse plano de prémios poderia até ter sido maior se a empresa tivesse gerado lucro e não tem nada de errado com isso”, esclareceu Antonoaldo Neves, à margem de um evento no Aeroporto de Tires, em Cascais.

Segundo o responsável, a TAP defende uma cultura de meritocracia, gestão de empenho e entrega de resultados, acrescentando ainda que o programa de prémios em vigor tem três componentes  – empresa, departamentos e desempenho individual – e que a componente dos resultados da empresa não foi paga a nenhum  dos trabalhadores como estava previsto em 2018, já que houve prejuízo. Segundo Antonoaldo Neves, em 2019 também haverá programa de prémios “para ser pago em 2020”.

“Estou muito seguro daquilo que a TAP tem feito e de como tem evoluído. Os trabalhadores merecem”, frisou, acrescentando ainda que os critérios e a atribuição dos prémios coube ao comité de moderação.

Sobre o valor total dos prémios, superior a um milhão de euros, o presidente da TAP recorda que a empresa paga mais de 700 milhões de euros anualmente e que o valor que os trabalhadores criaram para a mesma é de “centenas de milhões de euros”.

O responsável defende ainda que é esta cultura de reconhecimento de mérito que faz a TAP “crescer e gerar renda [rendimento] em Portugal” .

Recorde-se que, de acordo com a lista a que o i teve acesso, os valores variam entre os 110 mil e pouco mais de mil euros e foram pagos com o salário de maio destes colaboradores. O administrador da TAP Abílio Martins recebeu 110 mil euros de prémio. Também a mulher de Fernando Medina e filha do ex-ministro da agricultura Jaime Silva surgem na lista.

Paulo Duarte, coordenador do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos), já reagiu a esta situação e disse que estranhava “muito a TAP ter tomado essa iniciativa, que nunca foi prática habitual e que vai lançar a desigualdade entre trabalhadores pela falta de equidade”, visto que apenas alguns foram escolhidos.

“Não entendemos isto tendo em conta que num ano em que tivemos lucros [2017], os prémios foram distribuídos por todos” num valor igual, detalhou o dirigente sindical à Lusa.

Os preços dos combustíveis e os custos relacionados com a reestruturação e indemnização a passageiros ditaram os resultados referentes a 2018. 

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