África. Isabel dos Santos pede maior investimento russo

A empresária angolana destacou o setor da energia e das infraestruturas como pontos mais apetecíveis para os oligarcas russos, perante o olhar de Vladimir Putin

Isabel dos Santos deixou este sábado um desafio direto à Rússia: o aumento do investimento em África. Durante a sua intervenção no Fórum Económico Internacional de Sampetersburgo, e sob o olhar atento de Vladimir Putin, presidente russo, e também do líder chinês, Xi Jinping, a empresária angolana destacou as “oportunidades de investimento que existem atualmente no setor privado” no continente africano, “nomeadamente nos setores da energia e infraestruturas".

"As trocas comerciais entre os países africanos são ainda muito difíceis devido às más ligações de vias de transporte. É essencial construir um bom mapa de rotas de comércio interno para libertar o potencial africano. A barragem da Capanda, em Angola, é um exemplo de um grande investimento da Rússia naquele país, feito em tempo de guerra, e que ainda hoje serve uma importante parte da capital em termos de energia elétrica. Gostaria de ver mais investimento russo como este”, realçou a filha do presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

O investimento da Rússia em África, revelou Isabel dos Santos, situa-se nos 17 mil milhões de dólares. Um valor muito abaixo do chinês (120 mil milhões) ou do indiano, que "em apenas dez anos passou de um investimento de 7 mil milhões de dólares para 80 mil milhões de dólares”.

Após intervenções de outros membros do painel, que sublinharam a importância de ensinar os africanos a ler e a escrever, Isabel dos Santos frisou a necessidade de pensar mais além. "Ler e escrever é a base, mas temos de ser mais ambiciosos e criar condições para que as pessoas tenham empregos relevantes assim que saem da escola, dando-lhes a formação e as competências de que precisam para ter um papel ativo na economia”, asseverou, alertando ainda para que se olhe para África como "rede de países muito diferentes entre si" e não como uma única região: "Temos de olhar para as diferenças, para as necessidades de cada país e criar projetos que vão desenvolver o continente a longo prazo".

"O setor privado de África é o futuro. A Rússia e a China entenderam-no claramente e estão prontas para se comprometerem em novas abordagens para parcerias e investimentos no continente”, garantiu a empresária, que participou também num jantar com Vladimir Putin e outros 50 líderes empresariais mundiais.