Prémios à socapa na TAP deixam marcas na Administração

Apesar de Neeleman ter declarado ultrapassado o ‘mal-entendido’ dos prémios de 2018, as relações entre os administradores nomeados pelo Estado e pelos privados nunca foram tão tensas.

Apesar de David Neeleman, acionista da TAP, ter garantido que tinha sido virada a página no que diz respeito à polémica dos prémios atribuídos a quadros superiores da empresa – bónus de 1,17 milhões de euros a 180 pessoas, num ano em que a companhia  áerea registou um prejuízo de 118 milhões de euros –, a relação entre os administradores privados da empresa e os representantes do Estado mantem-se muito tensa.

«Estas coisas acontecem e virámos uma página no fim de semana. Foi um mal-entendido», frisou o acionista, mas a verdade é que o SOLconfirmou que as relações entre administradores nomeados pelo Estado e pelos privados ficou definitivamente afetada.

Aliás, os sucessivos comunicados quer dos administradores executivos (privados) quer dos nomeados pela Parvorem (do Estado) são elucidativos do extremo a que chegaram as coisas.

A Comissão Executiva tentou reduzir a questão dos prémios a um «mal-entendido» e sugeriu a criação de um Comité de Recursos Humanos com o objetivo de elaborar um plano de participação dos trabalhos nos lucros.

Mas a verdade é que os dois administradores nomeados pelo Estado vieram esclarecer que, na única reunião do Conselho de Administração em que foram discutidos prémios para os trabalhadores da companhia, não só foram chumbados os prémios propostos para os administradores, como foram igualmente chumbados todos os demais para trabalhadores, excepcionando-se apenas aqueles cujos prémios fossem resultantes diretamente dos respetivos contratos.
E acrescentavam que tinham sido surpreendidos pela lista de 180 trabalhadores premiados divulgada pela comunicação social.

O próprio ministro da tutela emitiu comunicado e convocou os administradores da TAPpara uma reunião de urgência, considerando que a atribuição de prémios nas circunstâncias em que foi feita não só contrariava o entendimento do Governo como, não tendo sido previamente comunciada nem autorizada pelos administradores representantes do Estado, consubstanciava uma «deslealdade» para com o acionista principal da companhia. 

Também o primeiro-ministro condenou a atrinuição de prémios na TAP e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que o Estado «deve acompanhar atentamente a gestão da TAP». 

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