Futsal. A águia que enervou o leão ao ponto do suicídio

Benfica campeão depois de ter aproveitado erros incríveis do Sporting. 4-3 no jogo decisivo.

O Benfica é de novo campeão nacional de futsal depois de cinco jogos empolgantes frente ao Sporting. Na decisão das decisões, entrou em força, obrigou o adversário a cometer erros que geralmente não comete e venceu com um resultado que obteve na primeira parte.

Se o encontro começou frenético, também é verdade que estava carregado com uma electricidade que provocava erros, sobretudo defensivos. Estranhamente, até porque o Sporting parece ser um conjunto menos impressionável, digamos assim, mais construído para actuar com frieza, tal como aconteceu na final da Liga dos Campeões, esses erros caíram para o lado dos de Alvalade. Depois de algumas tentativas tímidas de remate, o Benfica viu-se em vantagem por 2-0, dois golos apontado no espaço de segundos, sobre os 12 minutos, ambos por Raul Campos. O público ferveu de alegria, mas Cardinal reduziu e arrefeceu as almas vermelhas. 

Aqui chegados, as coisas passaram a funcionar de forma mais equilibrada. Bola cá, bola lá, como gosta de dizer o povoléu, mas um leão em crescendo, com rugidos ameaçadores. Ao contrário de Guitta, que foi buscar a bola dentro da baliza por duas vezes antes de poder puxar dos galões, Roncaglio viveu minutos de sobressalto. O empate, por Léo, foi quase natural.

Antes do intervalo, nova fase de futsal à beirinha do histerismo: 3-2 por Bruno Coelho; 4-2, por Raul Campos; 4-3, por Rocha. Erros atrás de erros!!!

Ninguém adivinharia que o resultado final estava selado. É natural, aliás, que todos esperassem por mais e mais golos, o que seria épico, mas tal não aconteceu porque ambos os treinadores tiraram bem as medidas às asneiras até aí cometidas. O segundo tempo foi mais estratégico e menos emocional. O Sporting à procura de um golo, pelo menos, que o empurrasse para novo prolongamento, como já sucedera em dois dos jogos anteriores, o Benfica à espreita de poder dar um golpe fatal no adversário.

Chegando ao quinto jogo com duas vitórias para cada um, pode dizer-se que águias e leões levaram até ao extremo do limite o combate por este título que teve, inevitavelmente, como pano de fundo, a conquista da Liga dos Campeões da UEFA por parte do Sporting, recentemente, em Almaty, no Cazaquistão, algo que terá elevado as responsabilidades dos pupilos de Nuno Dias mas que terá, por outro lado, espicaçado o orgulho daqueles que Joel Rocha comanda. Por isso, esperava-se um ambiente escaldante no pavilhão da Luz, até porque a direcção do Benfica apelou durantes os últimos dias aos seu adeptos para que auxiliassem a sua equipa a quebrar a série de títulos do Sporting que já ia nos três consecutivos. Também como no futebol principal, o mote da reconquista veio à baila. E o público não faltou.

Confusões

Inequivocamente as duas melhores equipas do país, Benfica e sporting jogaram tão duramente fora da quadra como dentro dela. Talvez tenha sido a decisão de campeonato mais confusa de sempre, com acusações duras de um lado e do outro que envolveram mesmo insinuações de tentativas de agressão por parte dos adeptos encarnados a jogadores  leoninos, queixa que a federação  não parece ter levado muito a sério tendo em conta a sua actuação subsequente. O que parece certo, no entanto, é que esta rivalidade duríssima na luta pelo topo do futsal português voltará a ter sequelas. Veremos até que limites de exagero…

Nuno Dias, declarou no final: “Não estivemos bem na primeira parte, não quisemos jogar, não fomos intensos, fomos algo amorfos. O resultado final é o do intervalo e isso penalizou-nos. Parabéns ao Benfica por ter sido um justo campeão”. Palavras que talvez sirvam de exemplo para alguns menos contidos.