Catarina Martins: “Recuo do PS é surpreendente”

Líder do Bloco de Esquerda deixa críticas ao Governo pela mudança de posição relativamente ao fim do pagamento das taxas moderadoras

Catarina Martins foi apanhada de surpresa com a mudança de posição do PS (Partido Socialista) no que respeita ao fim das taxas moderadoras nos centros de saúde. Pelo menos é o que se depreende das palavras da líder do BE (Bloco de Esquerda), este sábado, em Santiago do Cacém, no encerramento de um encontro das estruturas do Bloco de Esquerda do Litoral Alentejano.

"O Partido Socialista aparece surpreendente porque recua em relação ao que já tinha sido acertado, dando agora outro argumento, de que as taxas moderadoras são muito necessárias para financiar o SNS. O mesmo PS que dizia há seis meses que o peso das taxas moderadoras era irrelevante para financiar o SNS porque corresponde a cerca de 1% do orçamento, quando na verdade o grande custo são os dois milhões de tratamentos, consultas e meios de diagnóstico que ficaram por fazer por as pessoas não conseguirem pagar as taxas moderadoras”, salientou Catarina Martins.

Recorde-se que, de acordo com notícia do semanário "Expresso", o fim das taxas moderadoras nos centros de saúde vai ser feito de forma faseada, não entrando em vigor já em 2020 como previa um projeto de lei do BE aprovado no dia 14 no parlamento – só o CDS-PP votou contra.

Para Catarina Martins, “é preciso que seja feita justiça para cada pessoa que negou a si próprio o cuidado de saúde porque não era capaz de pagar a taxa moderadora, assim como ter acesso a todos os cuidados de saúde”. "Fica muito mais caro ao país que as pessoas desistam dos tratamentos que lhes são receitados por um médico por não terem dinheiro para eles, porque depois a doença agrava-se, a prevenção não é feita e aí sim, temos problemas de saúde a aumentar no país”, ressalvou, defendendo "um novo paradigma que garanta cuidados de saúde às pessoas e previna a doença”.

“É um paradigma que não pode conviver com taxas moderadoras que bloqueiam o acesso à saúde e é por isso que elas devem acabar. Vamos fazer este caminho. O projeto do Bloco foi aprovado e não fizemos o projeto de ânimo leve nem sem fazer as contas: sabemos que quem ganha pouco mais de 600 euros tem de ter acesso à saúde gratuita”, sentenciou a líder do BE.