Disputa pela liderança já começou

Faltam pouco mais de três meses para as eleições, mas já começaram as movimentações para o dia seguinte. Há estratégias para todos os gostos. Alguns já andam no terreno, outros preferem o silêncio para não serem acusados de prejudicar o partido. Candidatos não faltam.

A menos de três meses das legislativas, todos apelam à paz interna no PSD, mas são óbvias as movimentações para o dia seguinte às eleições. Cada vez há menos crentes numa viragem que dê a vitória ao PSD no dia 6 de outubro e no interior do partido já se afinam as estratégias para substituir Rui Rio na liderança. E, claro, limpam-se as espingardas. 

Candidatos a candidatos não faltam, embora seja quase certo que alguns vão ficar pelo caminho. O último a assumir a sua disponibilidade foi Jorge Moreira da Silva, que, nos últimos anos, andou afastado das lides partidárias. Aproveitou, porém, a derrota nas europeias, que classificou como «um verdadeiro desastre eleitoral», para entrar em cena e defender que Rui Rio devia ter promovido eleições internas. «Teria sido candidato. No futuro se verá», disse, em entrevista à televisão pública, o ex-número dois do PSD.

Moreira da Silva, que nos últimos anos deixou a política ativa para ocupar o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), foi duro com Rui Rio e defendeu que o PSD precisa de mudar «radicalmente» de estratégia. Pelo meio, o ex-ministro lançou a hipótese de o PSD realizar eleições primárias à semelhança do que aconteceu no PS entre Costa e Seguro. 

Entre os putativos candidatos à liderança há um nome que se destaca: Luís Montenegro, que já assumiu essa vontade e, se o PSD perder as eleições, tem tudo preparado para avançar. A estratégia é ficar em silêncio e não atacar Rui Rio até às legislativas, para depois não ser acusado de ter prejudicado o partido. Foi, por isso, que deixou todos os programas de comentário e assumiu, desde a tentativa frustrada de antecipar as eleições internas, uma atitude mais discreta. Mesmo os seus apoiantes têm indicações para calar as críticas até dia 6 de outubro. 

Pedro Duarte apresentou, esta semana, o ‘Manifesto X’ e foi o primeiro a anunciar, há mais de um ano, que está disponível para se candidatar à liderança, mas poderá apoiar Luís Montenegro. Até lá, o ex-líder da JSD quis lançar um manifesto com 100 propostas para construir uma sociedade «desenhada para o bem-estar e felicidade das pessoas». 

Se o PSD perder as eleições é certo que haverá disputa pela liderança no próximo congresso. O que não quer dizer que Rio Rio não se recandidate à liderança. Se a derrota não for muito pesada não está afastada a hipótese de continuar. 

Rio também nunca fechou a porta a um entendimento com António Costa se a ‘geringonça’ acabar. Mas essas são contas de um outro rosário. 

Luís Montenegro, ex-líder parlamentar do PSD Desafiou Rui Rio para disputar a liderança no início do ano, mas tem assumido uma postura discreta desde que o partido rejeitou antecipar as eleições internas. Deixou todos os programas de comentário em que participava e nunca mais deu entrevistas. É certo que será candidato à liderança se o PSD perder as eleições legislativas.

Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente Entrou em campo após a derrota do PSD nas europeias e tem sido dos críticos mais ativos na defesa de que o partido precisa de mudar de vida. O sucessor de Pedro Passos Coelho na JSD classificou o resultado do PSD nas europeias como ‘um desastre eleitoral’ e defende que a única solução é mudar de estratégia. Tem a seu favor ser um defensor das causas ambientalistas que estão na moda e de ter largo currículo internacional em matéria de emissões (foi um dos responsáveis de Quioto).

Carlos Moedas, comissário europeu Ganhou prestígio em Bruxelas e é visto como um dos melhores da nova geração do PSD, mas não é certo que queira avançar já para a liderança. Nas últimas entrevistas que deu, afastou essa hipótese com o argumento de que quer passar os próximos anos mais afastado da vida política. 

Pedro Duarte, ex-líder da JSD Foi dos primeiros a defender o afastamento de Rui Rio. Há quase um ano, defendeu  que o partido tinha de mudar de estratégia e mostrou-se disponível para ser candidato à liderança. Lançou esta semana o Manifesto X com 100 medidas para o país. Não é certo que seja candidato. Pode optar por apoiar Luís Montenegro. 

Miguel Morgado, deputado do PSD Foi um dos homens de confiança de Pedro Passos Coelho e lançou em março o Movimento 5 de Julho. Não descarta uma candidatura à liderança e é um apoiante de uma coligação entre os partidos de direita. 

Miguel Pinto Luz, ex-líder da distrital de Lisboa É pouco conhecido no país, mas bem mais popular no aparelho do partido. O vice-presidente da Câmara de Cascais foi líder da distrital de Lisboa e é agora indicado pela concelhia para as listas de candidatos de deputados do PSD às próximas legislativas. Tem tudo pronto para avançar com a candidatura à liderança do partido, como já esteve para avançar nas últimas diretas.

Paulo Rangel, eurodeputado do PSD É sempre um nome falado quando se abre a disputa pela liderança. Já foi candidato, em 2010, contra Passos Coelho e ponderou candidatar-se contra Rui Rio, em 2017, mas não avançou por razões familiares. É uma das figuras com mais prestígio entre os putativos candidatos, mas os resultados nas eleições europeias fizeram mossa.