Governo espanhol acusa Vaticano de ingerência interna

Declarações do embaixador da Santa Sé caíram mal. 

A exumação dos restos mortais do antigo ditador espanhol, Francisco Franco, decidida pelo Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez, tem dado que falar em Espanha, mas a polémica chegou agora a Roma. O embaixador do Vaticano, Renzo Fratini, veio a público acusar o Governo de Sánchez de querer “ressuscitar Franco”. O Governo de Madrid não gostou e anunciou esta segunda-feira que vai apresentar uma queixa formal à Santa Sé.

A intenção foi anunciada por Carmen Calvo, vice-Presidente do Governo, numa entrevista à Cadena Ser. Calvo explicou que um embaixador do Vaticano “não tem que entrar nos assuntos internos de um Estado” e disse que iria “haver uma queixa formal ao Estado do Vaticano. Vai receber uma queixa por uma ingerência desta natureza”. 

O embaixador da Santa Sé disse numa entrevista à Europa Press, no domingo, que por detrás do projeto do Governo socialista estão motivos “sobretudo políticos. (…) Está por trás a ideologia de alguns que querem dividir a Espanha de novo”, reclamou. 

A vice-Presidente do Governo também falou da necessidade de a instituição pagar impostos no país vizinho. “A Igreja tem que pagar impostos como faz em França e em Itália”, disse Calvo, acabando por explicar que era uma mera questão de “justiça social”.

O Governo de Sanchéz decidiu, em março, exumar os restos mortais de Franco, que estão no Vale dos Caídos, para um cemitério nos arredores de Madrid. A exumação ia realizar-se no dia 10 de junho, mas o Supremo Tribunal espanhol suspendeu o plano do Executivo, de forma cautelar, enquanto não houver decisões sobre os vários recursos apresentados contra a intenção do Governo.