12 anos de prisão para marroquino acusado de recrutar para o Estado Islâmico

“Espero que o seu Deus lhe perdoe porque o tribunal não o perdoa”, afirmou o juiz no final da leitura do acórdão

Abdesselam Tazi, de 65 anos, foi condenado a 12 anos de prisão esta terça-feira. O cidadão marroquino, ex-polícia, foi acusado de falsificação com vista ao terrorismo, recrutamento para o terrorismo, financiamento do mesmo e de quatro crimes de uso de documento falso. A notícia foi avançada pela agência Lusa, que adiantou também que o crime de adesão a organização terrorista internacional não foi provado.

Sublinhe-se que Tazi está em prisão preventiva desde 23 de março de 2017, na cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, sendo que nas alegações finais, de 4 de junho, a defesa pediu a absolvição de todos os crimes relacionados com terrorismo. Por outro lado, o Ministério Público pediu pena efetiva, na medida em que divulgou que o homem recrutava operacionais para o Estado Islâmico no Centro de Acolhimento para Refugiados, em Loures. Os alvos preferenciais do criminoso eram jovens marroquinos que viajavam até Portugal com o objetivo de virem a integrar o Daesh, tal como a procuradora Cristina Janeiro alegou.

Tazi, que chegou a Portugal num avião proveniente da Guiné-Bissau, em 2013, é conhecido pela alcunha “Salim Adam”. Foi preso na Alemanha, há três anos, por fraude informática mas acabou por ser extraditado para Portugal e, em território lusitano, recrutou Hicham El Hanafi, de 29 anos, suspeito de ter preparado dois atentados nos mercados de Natal daquele país. Os dois indivíduos foram alojados em Aveiro e, posteriormente, alugaram um quarto juntos – depois de obterem o estatuto de refugiados, começaram a viajar por toda a Europa.

É de referir que, no final da leitura do acórdão, o juiz Francisco Henriques foi assertivo com o homem: "Sei que é um homem religioso. Eu também sou. Espero que o seu Deus lhe perdoe. O senhor saiu de Marrocos, veio para a Europa, aproveitando-se das fragilidades do sistema para quê? Para convencer uns miúdos a viajar para a Síria". "Espero que o seu Deus lhe perdoe", realçou o magistrado, "porque o tribunal não o perdoa", concluiu.