Catherine Montantes: a história da única vítima mortal de sarampo, nos EUA, desde 2003

No passado mês de abril, os casos de sarampo já haviam subido em 300% devido à não vacinação ou adiamento da mesma

Catherine Montantes, de 28 anos, morreu com sarampo há quatro anos. A jovem foi a primeira pessoa, desde 2003, a perder a vida devido a esta infeção viral contagiosa. Contudo, desde o seu final trágico, 1655 norte-americanos morreram em Nova Iorque, na Califórnia e em Washington. Numa entrevista exclusiva ao The Guardian, a progenitora da vítima mortal – Ralphenia Knudson – revelou detalhes sobre a doença que é considerada inofensiva pelos defensores da antivacinação.

Montantes estava a estudar Justiça Criminal no Peninsula College e tinha sido diagnosticada com uma doença autoimune, a dermatomiosite. A verdade é que, quando deu entrada na clínica de Lower Elwha, em Port Angeles, no Estado de Washington, não fazia ideia de que, uma hora antes, tinha lá estado um homem de 52 anos que tinha sarampo: o vírus pode viver em superfícies infetadas até duas horas. Apesar de ter sido vacinada contra o sarampo, a rapariga morreu menos de três meses depois de ter sido infetada porque o seu sistema imunitário estava bastante enfraquecido devido à medicação que tomava para a patologia muscular.

“Ninguém tem o direito de brincar com as vidas dos outros desta forma” avançou a mãe de Montantes, motorista de camiões no Alaska, ao jornal britânico, acrescentando ainda que, ao não vacinarem os filhos, os pais “não os tornam mais fortes” mas sim “acabam por expô-los a um vírus mortal que o seu corpo não terá capacidade para combater”. Nas horas finais, Montantes tentou levantar-se da cama enquanto tossia sangue: “Mesmo quando estava na unidade dos cuidados intensivos, nunca me foi dito que ficaria sem ela” afirmou Knudson.

O indivíduo responsável pela transmissão do vírus a Montantes, cuja identidade nunca foi divulgada, terá infetado, pelo menos, 149 pessoas. Uma das vítimas foi uma menina de cinco anos que estudava numa escola católica que teve de ser encerrada devido à dispersão do vírus, segundo informação veiculada pelo Seattle Times. As consequências do sarampo passam por otites, diarreia, pneumonia e, de modo raro, também panencefalite esclerosante subaguda (PESS), uma infeção cerebral.

Sublinhe-se que a hesitação perante a vacinação foi considerada, este ano, uma das dez principais ameaças à saúde global pela Organização Mundial da Saúde. No passado mês de abril, os casos de sarampo já haviam subido em 300% devido à não vacinação ou adiamento da mesma. Nos EUA, um dos  principais motivos para não proteger os mais novos de doenças potencialmente mortais é a desinformação causada pelas campanhas levadas a cabo pelos grupos antivacinação.