Vampire Weekend. E assim se deu uma volta ao mundo em hora e meia

Em 2013, os Vampire Weekend conquistaram o coração dos portugueses no primeiro dia do NOS Alive. Volvidos seis anos, regressaram a Portugal e provaram que estão cada vez mais seguros do Upper West Side Soweto que os caracteriza

No verão entre o primeiro e o segundo anos da licenciatura em Inglês e Escrita Criativa, Ezra Koenig, atualmente com 35 anos, viu o filme ‘The Lost Boys’, de 1987, baseado na história de uma rapariga que se apaixona pelo líder de um gangue de vampiros. Convicto de que realizaria uma nova versão da obra de Joel Schumacher, em que um homem viaja até Cape Cod para avisar o mayor de Massachusetts de que vampiros atacariam os EUA, não percebeu que perderia o interesse no projeto em apenas… dois dias. Contudo, quando começou a tocar com Chris Baio e Chris Tomson (da mesma idade de Koenig), na Columbia University, percebeu que o nome poderia adequar-se à banda que estavam a formar.

Depois do primeiro álbum de estúdio ter chegado a Ouro no Reino Unido, há nove anos, lançaram o segundo intitulado ‘Contra’, uma alegoria relativa aos contra-revolucionários, isto é, grupos rebeldes de oposição à Frente Sandinista de Libertação Nacional, da Nicarágua –  sublinhe-se que em 1984, o Congresso dos EUA proibiu o apoio aos contras mas os oficiais do governo norte-americano continuaram a financiá-los secretamente – bem como ao videojogo homónimo onde um jogador controla um soldado que enfrenta homens, máquinas e até extraterrestres. No entanto, na sexta-feira à noite, assistir ao concerto dos norte-americanos que autodescrevem o seu estilo musical como Upper West Side Soweto – género influenciado pelas músicas popular africana e ocidental clássica – foi tudo menos uma experiência alienígena.

“An ancient business, a modern piece of glasswork / Down on the corner that you walk each day in passing” foi deste modo que aquela que foi eleita como “melhor nova banda do ano”, em março de 2008, pela revista musical ‘Spin’ iniciou um périplo de uma hora e meia pela carreira de treze anos. O recinto ainda não se encontrava cheio quando arrancaram com ‘Unbelievers’, do ‘Modern Vampires Of The City’ de 2013, questionado se é este o destino que metade do mundo planeou para eles. E parece que sim. Cantava-se em uníssono “Baby, I know dreams tend to crumble at extremes / I just thought our dream would last a little bit longer” e durou: fãs de idades e nacionalidades variadas entoavam apaixonadamente cada palavra que Koenig proferia.

No passado mês de maio, ‘Father Of The Bride’ chegou ao mercado: de modo comercial, pode ser descrito como indie rock e pop mas, tendo em conta que existe uma forte reflexão em cada canção, podemos afirmar que é fortemente referencial tanto no que diz respeito à vertente lírica como à de composição. Entre uma musicalidade mais ligeira e outra que nos remete a temáticas mais obscuras, conseguimos explorar igualmente sonoridades country, folk e rock no mais recente trabalho dos Vampire Weekend, após um hiato de seis anos.

Houve tempo para uma cover de uma das aventuras poéticas de Bob Dylan sobre a transição do cristianismo até às suas raízes judaicas, Jokerman, e durante ‘Worship You’ e ‘Ya Hey’, dois globos terrestres semelhantes àquele que adornava o palco foram atirados à audiência que, com os braços no ar, partilhou entre si, por todas as filas, o Planeta Terra.

No final de uma incursão de aproximadamente 90 minutos, pelo percurso dos Vampire Weekend, ficou a promessa de que regressariam brevemente. A mesma seria cumprida dali a poucos segundos, com o anúncio do regresso da banda a território lusitano que já está confirmada para dia 26 de novembro, no Coliseu dos Recreios. A volta ao mundo ainda agora começou…!