Sardinhas. Ministra do Mar diz que há condições para pescar mais

Em causa está o limite anual de captura de 10799 toneladas. Setor já reconheceu que “qualquer dia há muito peixe, não há é pescadores”. Declarações de Ana Paula Vitorino contrariam diretor-geral das Pescas da Comissão Europeia

Há condições para aumentar a quota de captura de sardinha. A garantia foi dada pela ministra do Mar, contrariando as declarações do diretor-geral das Pescas da Comissão Europeia, que assinalou que o ‘stock’ em Portugal e Espanha está “em mau estado” e que seria necessário “apertar mais a cintura” com vista a assegurar a continuidade da pesca ibérica.

“Entendo que será um desconhecimento sobre os últimos dados que nós já temos, já analisámos, e que permitem com certeza termos aqui pelo menos uma base para pedirmos um ligeiro aumento daquilo que é a quantidade a pescar pelos nossos pescadores e pelos pescadores espanhóis”, afirmou Ana Paula Vitorino à margem da 7.ª sessão do Ciclo de Workshops Estratégia Nacional para o Mar 2030.

De acordo com o governante, os dados que têm sido divulgados apontam para um “ligeiro aumento e não uma redução”, considerando assim haver condições para se começar a pensar numa “prudente” retoma do setor.

Uma opinião que não é partilhada pelo diretor-geral das Pescas da Comissão Europeia que, ainda assim admite, tanto Portugal como Espanha estão a fazer esforços para lidar com o problema da sardinha: “Tenho tratado com os dois governos, ao mais alto nível, e sei das dificuldades das discussões que têm a nível nacional com as federações porque não é fácil explicar” estas limitações aos pescadores, acrescentando que “têm de se fazer esforços porque o objetivo é recuperar o ‘stock’ para que a pesca continue, mas também consigo perceber que, do ponto de vista económico e social, tem de se equilibrar”.

Recorde-se que, para este ano, o limite anual de captura fixou-se nas 10799 toneladas, a dividir por Portugal e Espanha. No entanto, esta quota pode ser alterada consoante as conclusões dos cruzeiros científicos. 

Um número que tem provocado o descontentamento dos pescadores dos dois países ao considerarem o montante “manifestamente insuficiente”. Ao i, o coordenador da comissão executiva da Federação dos Sindicatos do Setor da Pesca (FSSP) chegou a admitir que “qualquer dia há muito peixe, não há é pescadores”. Também a Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco) garante que “as 10799 toneladas não vão garantir as condições mínimas para a sobrevivência, ajudando desta forma ao declínio e eventual desaparecimento do setor da pesca de cerco em ambos os países”.

Ana Paula Vitorino disse também que o país está no “bom caminho” para cumprir a meta definida pelo Governo de duplicar até 2020 o peso da economia do mar na economia nacional, que no início da legislatura era de cerca de 2,5%. “Nos últimos dados de 2018 já ultrapassámos os 4,5% e tudo indica que em 2019 e 2020 iremos chegar, de facto, aos 5%. Não nos acomodamos e não iremos ficar por aí, mas é um bom caminho”, disse, afirmando que a partir de agora este processo será “imparável”.