Espaços públicos para as pessoas

Algumas coisas são simples, tais como, por exemplo, a instalação de bebedouros para as pessoas e também para os animais de companhia, parques caninos ou, como agora sucede na freguesia de Santo António, acesso à internet que responda à procura crescente de utilização para lazer, para estudar, ou para trabalhar.

As câmaras municipais e as juntas de freguesia têm investido na qualificação do espaço público, correspondendo e promovendo a crescente apropriação destes espaços pelas pessoas. Mas ainda há muito por fazer para os dotar das condições de conforto e de modernidade que respondam às atuais exigências. Nesta semana, uma junta de freguesia de Lisboa – Santo António – disponibilizou internet gratuita nos seus jardins. Uma ideia simples, que faz a diferença na atratividade e que nos desperta para o que é fácil de fazer, mas que, surpreendentemente, continua por concretizar.

Em 2006, a Câmara Municipal de Lisboa lançou o projeto ‘Jardins Digitais’, dotando 21 jardins da cidade com acesso gratuito à internet em modo wireless. Tratava-se, há 13 anos, de uma iniciativa arrojada e pioneira que convidava a uma maior vivência dos jardins de Lisboa, dotando-os de uma valência que promovia a utilização dos jardins com uma componente que então tinha uma oferta restrita (mas já, uma intensa procura).

Este projeto era parte de uma política que pretendia generalizar a toda a cidade o acesso público e gratuito à internet, a par da instalação de quiosques nos espaços públicos, de novos equipamentos tais como jardins infantis e aparelhos de fitness, da dinamização de atividades e também da criação e renovação de diversos espaços verdes.

Apesar do sucesso da iniciativa ‘Jardins Digitais’, pelo pioneirismo e adesão, infelizmente, a mudança de gestão da câmara de Lisboa determinou o cancelamento do projeto. Desde essa altura a tecnologia evoluiu, tornando mais simples este tipo de iniciativas e alguns quiosques concessionados em jardins e outros espaços públicos, por sua iniciativa, disponibilizam o acesso à internet nos seus espaços. Mas a câmara municipal, que podia (e devia) promover esta componente de oferta no espaço público como parte da qualificação do espaço público, tem sido indiferente à promoção desta valência.

A apropriação dos espaços públicos pelas pessoas enriquece a vivência da cidade, promove uma maior responsabilização coletiva pelo que é comum e concorre para criar uma comunidade com maiores relações de vizinhança e mais solidária.

Lisboa tem um clima propício ao usufruto da rua. E tem também jardins e praças que devem ser espaços de estadia, lazer e convívio apropriados pelos cidadãos. Lisboa tem evoluído na qualidade do espaço público através da requalificação dos espaços e da instalação de equipamentos, especialmente de quiosques. Mas estes espaços devem corresponder também às necessidades de uma vida urbana com qualidade. Algumas coisas são simples, tais como, por exemplo, a instalação de bebedouros para as pessoas e também para os animais de companhia, parques caninos ou, como agora sucede na freguesia de Santo António, acesso à internet que responda à procura crescente de utilização para lazer, para estudar, ou para trabalhar.

Por outro lado, importa assegurar que alguns espaços, especialmente jardins, não sejam monopolizados por iniciativas tais como feiras que ocupam sucessivamente alguns locais, privando as pessoas do seu usufruto.