Mais de metade dos condutores que morreram nas estradas portuguesas tinham experiência

Os acidentes continuam a acontecer sobretudo dentro das localidades, mas o número está a diminuir, ao contrário do que acontece fora. 77% dos veículos envolvidos em acidentes são ligeiros.

Em 2018 houve menos mortes nas estradas portuguesas, menos acidentes com vítimas, mas mais feridos graves comparativamente a 2017. Segundo o Relatório de Sinistralidade de 2018 da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), que contém dados de vítimas a 24 horas, verificou-se que, face a 2017, diminuíram os atropelamentos (de 5308 para 5282 acidentes), caiu o número de colisões com vítimas (de 18 139 para 17 752), sendo os despistes a única categoria de acidentes a aumentar – passaram de 10 969 em 2017 para 11 201 no ano passado. Somando todos os tipos de acidentes, o número de mortos em 2018 fixou-se em 508 (a maioria condutores com experiência), menos duas vítimas mortais que no ano anterior, e houve 2141 feridos graves, menos 57 do que em 2017. Quanto aos feridos ligeiros, registaram-se 12 677, quando no ano anterior tinham sido 12 342.

Viseu (27), Vila Real (18), Setúbal (65), Leiria (40), Faro (39) e Beja (23) foram os distritos onde no ano passado se registaram mais vítimas mortais do que em 2017. Em Lisboa, o número de mortos caiu de 51 para 50; no Porto, de 68 para 56; e em Coimbra, de 30 para 29.

O Relatório de Sinistralidade de 2018 da ANSR mostra ainda que se continua a morrer mais nas estradas portuguesas aos fins de semana, sendo também aos sábados e domingos que se registam mais feridos graves em acidentes rodoviários.

Os acidentes com vítimas, esses registam-se sobretudo durante o dia (72,2%) e é também durante o dia que se registam mais mortes nas estradas (62,6% contra 33,9% de mortes durante a noite).

A sinistralidade continua a ser mais forte (número de acidentes, de mortos e de feridos graves) quando está bom tempo do que quando chove.

Mais acidentes dentro das localidades, mas a diminuir Segundo o documento agora conhecido, no ano passado houve 26 514 acidentes com vítimas dentro das localidades – menos do que os 26 810 acidentes registados 2017 – e 7721 fora das localidades (no ano anterior, o número de acidentes fora das localidades tinha sido inferior – 7606). Isto significa que apesar de a maioria dos acidentes continuar a registar-se dentro das localidades, estes estão a diminuir, aumentando em contrapartida os acidentes fora das localidades. Os números mostram ainda que apesar da diferença do número de acidentes com vítimas, o número de mortes continua equilibrado, ainda assim com uma tendência de diminuição dentro das localidades e de aumento fora das localidades. Em 2017 registaram-se 264 mortos dentro das localidades e 246 fora, enquanto em 2018 houve 244 e 264. Só 6,3% dos acidentes com vítimas e 10% das mortes acontecem em autoestradas.

Importa ainda destacar que dos 508 mortos nas estradas portuguesas, 339 eram os condutores, 64 passageiros do automóvel e 105 eram peões – 81 destas vítimas tinham mais de 50 anos.

Quase metade dos peões que morreram estavam na faixa Dentro das localidades, 36 peões morreram em plena faixa de rodagem, 12 quando atravessavam em passagem sinalizada e 11 a entrar ou a sair do carro. Fora das localidades, destaque para as mortes de pessoas que estavam em faixa de rodagem (11).

No total dos acidentes, 76,7% dos veículos envolvidos são ligeiros, seguindo-se os motociclos (10,9%), os ciclomotores (4,5%), os velocípedes (3,7%) e os pesados (2,9%).

Entre os condutores que foram vítimas mortais (339), revela o relatório agora conhecido, 5,9% conduziam sem habilitação legal. Já no que toca aos feridos graves que seguiam ao volante, destes, 4,3% não tinham carta de condução. Dos dados resulta que 6,4% dos condutores que acabaram por morrer também não tinham cinto de segurança ou capacete.

Maioria dos condutores que morrem têm experiência E mais de metade dos condutores que acabaram por morrer tinham experiência – 59 tinham carta de condução com uma antiguidade entre 11 e 20 anos e 132 condutores tinham a carta há mais de 20 anos.

Entre as manobras que mais vitimaram os condutores aparecem destacados os que seguiam em marcha normal (287 das 339 mortes). Dez morreram quando fizeram um desvio brusco ou saíram de filas de trânsito, nove em mudança de direção para a esquerda e nove em ultrapassagens pela esquerda. Em 12 casos houve manobras irregulares – o mesmo número de 2017 – e, em 22 situações, os veículos seguiam em excesso de velocidade – menos um caso que em 2017.