Presidente da República fala “em abstrato” sobre greve. “É preciso que os meios não venham prejudicar os fins”

“Se de repente a sociedade se sentir refém da luta, deixa de se identificar com ela e, ao não identificar-se, aqueles que prosseguem fins em muitos aspetos legítimos e justos passam a ter contra si, não o patronato, mas um número muito elevado de portugueses”

Marcelo Rebelo de Sousa recusou-se a comentar a greve dos motoristas de matérias perigosas mas comentou o assunto “em abstrato”. Falando sobre as greves no geral, o Presidente da República assume que existe o direito à greve e que este “está previsto na Constituição da República Portuguesa” e assume que para a paralisação “ ser eficaz, deve utilizar os meios mais adequados para que os fins tenham sucesso”.

No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que os grevistas devem ter atenção que “não basta que os fins sejam legítimos ou justos, é preciso que os meios não venham prejudicar os fins”, e que é necessário exitir “ uma ponderação permanente entre aquilo que se quer satisfazer e os sacrifícios impostos a outros membros da comunidade”.

 “Uma coisa é uma greve que é vista como dirigida contra os patrões e o Estado e, outra coisa, é uma greve que é vista como dirigida contra os patrões, o Estado e um número muito grande de portugueses” declara o Presidente da República.

“Se de repente a sociedade se sentir refém da luta, deixa de se identificar com ela e, ao não identificar-se, aqueles que prosseguem fins em muitos aspetos legítimos e justos passam a ter contra si, não o patronato, mas um número muito elevado de portugueses”, acrescenta. Caso tal suceda, "a lógica inverte-se e os meios começam a comprometer os fins”.

"É sempre uma pena quando havendo boas razões a defender, essas razoes são perdidas ou comprometidas e sacrificadas por causa do excesso de meios utilizados”, concluiu.