Ryanair encerra base aérea no Algarve em janeiro

Encerramento vai afetar “cerca de 100 pessoas”, denuncia o Sindicato de Pessoal de Voo da Aviação Civil.

A Ryanair vai fechar a base que tem em Faro. A informação foi confirmada ao i pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que explicou que o encerramento está previsto para janeiro.  “Fomos convocados para uma reunião com menos de 24 horas de antecedência e ficámos a saber que a base da Ryanair em Faro vai fechar. As decisões finais serão tomadas até ao final de agosto e outras bases deverão fechar. Nesta reunião foi dito que a decisão relativa a Faro era definitiva”, disse ao i um funcionário da Ryanair que esteve presente na reunião.

De acordo com a mesma fonte, os funcionários da companhia irlandesa enfrentam agora dois cenários: “Anunciaram que vai haver despedimentos. Vão tentar recolocar a maior parte das pessoas – temos de agora dar opções de bases para onde queremos ir -, mas são expetáveis despedimentos”. 

Esta informação foi confirmada ao i pelo SNPVAC: “Um elemento dos recursos humanos da Ryanair foi à base de Faro falar com os tripulantes e anunciou que, a partir de janeiro, a base estará encerrada”, disse ao i Luciana Passo, explicando que esta decisão irá afetar “cerca de 100 pessoas”.  As razões apresentadas para o encerramento não são claras: “Foi dado o argumento da rentabilidade, mas isso é impossível: os voos estão sempre cheios. O problema é que os lucros vão ser revistos em baixa mas, mesmo assim, deverão conseguir lucros de 900 milhões de euros este ano”, disse fonte da companhia aérea irlandesa. 

Michael O’Leary, CEO da Ryanair, já tinha anunciado no início do mês que a quebra de 21% nos lucros do primeiro trimestre e o Brexit justificavam o corte de pessoal. Ao todo, a companhia tenciona despedir 500 pilotos e 400 tripulantes de cabina.

Contactado pelo i, a Ryanair revelou que, a 16 de julho, tinha alterado os investidores sobre o atraso das entregas do Boeing 737 MAX, o que obrigou a rever os voos e a rever em baixa o ritmo de crescimento de 7% para 3%. No total do ano que terminará em março de 2021, a irlandesa estima transportar 157 milhões de passageiros, número que compara com os 162 milhões inicialmente estimados.

Além disso, os atrasos na entrega dos novos aviões deverão ser sinónimo de redução de pessoal em algumas das bases em que a Ryanair opera, bem como do encerramento das atividades em outras, durante o inverno e no próximo verão. "Iniciamos uma série de discussões com nossos aeroportos para determinar quais as bases com baixo desempenho que devem sofrer esses cortes e / ou encerramentos de curto prazo a partir de novembro de 2019. Também estamos a ouvir os nossos funcionários e sindicatos no planeamento e implementação desses cortes, assim como no encerramento de bases que são provocados ​​diretamente pelos atrasos na entrega do B737 MAX ao programa B737 MAX", esclareceu ao i.

Sindicato e Governo sem acordo

Também esta terça-feira decorreu a reunião na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) para serem definidos os serviços mínimos para a greve dos tripulantes da Ryanair, que vai decorrer de 21 a 25 de agosto.  “Não se chegou a acordo nenhum. O Governo terá de tomar uma decisão. Nós não aceitamos que sejam estabelecidos serviços mínimos para uma low-cost quando há imensas alternativas para os países onde a Ryanair opera”, disse ao i Luciana Passo.

Recorde-se que o sindicato explicou que a “greve foi convocada devido às reiteradas ilegalidades cometidas pela companhia aérea irlandesa”, como a “falta do pagamento de subsídio de férias e de Natal”, a “integração no quadro de efetivos de todos os tripulantes de cabina com mais de dois anos de serviço através de empresas de trabalho temporário, sem perda de retribuição, antiguidade e com as mesmas condições fundamentais de trabalho e emprego dos restantes colegas do quadro”. O sindicato aponta ainda a “atribuição dos 22 dias de férias mínimos obrigatórios, por ano”, e o “cumprimento integral da lei da parentalidade portuguesa”.