Malta recusa reabastecer navio de ONG com migrantes

Romaniuk afirma que não existe nenhum motivo oficial conhecido, no entanto, “o agente marítimo que se ocupa do nosso caso indicou-nos por ‘e-mail’ que não nos podíamos reabastecer, porque tinham sabido que se tratava do barco de uma ONG”

Pela primeira vez, as autoridades maltesas recusaram, esta quarta-feira, reabastecer com combustível um navio de uma organização não-governamental. O Ocean Viking, pertencente à SOS Mediterrâneo e aos Médicos Sem Fronteiras, que viajava com emigrantes, foi proibido de entrar em águas territoriais maltesas. 

Em declarações à Associated Press, um dos membros da tripulação, Nicolas Romaniuk anunciou que as autoridades maltesas tinham mudado de ideias, horas depois de se terem mostrado recetivas a ajudar a ONG. "Depois de nos terem autorizado um abastecimento ao largo, sem acostagem, as autoridades maltesas anunciaram esta noite, cerca das 20:30 (19:30 de Lisboa), duas horas antes do encontro, que não tínhamos autorização para entrar nas águas territoriais maltesas", disse.

Romaniuk afirma que não existe nenhum motivo oficial conhecido, no entanto, "o agente marítimo que se ocupa do nosso caso indicou-nos por 'e-mail' que não nos podíamos reabastecer, porque tinham sabido que se tratava do barco de uma ONG", referiu. Este afirma ainda que lhe foi pedida uma lista com o nome das pessoas que se encontravam a bordo.

Apesar de não ter conseguido atestar, Romanik mostra-se positivo. "Temos água, combustível. Há pessoas a socorrer, portanto continuamos", decidiu. 

O "Ocean Viking"  saiu domingo à noite de Marselha, no sul de França, e estava hoje à noite a 18 horas da zona de socorro de migrantes, mas perdeu tempo ao desviar-se para Malta.

O navio dirige-se para o Mediterrâneo Central, ao largo das costas líbias, para socorrer migrantes que recorrem a embarcações precárias. O objetivo era reabastecer-se em marcha, de maneira a conseguir que a missão durasse mais tempo e resgatar assim mais pessoas.  Esta é a primeira missão deste navio, que conta com cerca de 30 migrantes a bordo.