“Daqui a sete anos é um tema que poderá voltar a surgir” afirma António Costa sobre TGV

Governos português e espanhol aguardam estudo para avaliar proposta de organizar Mundial em 2030

O primeiro-ministro, António Costa, assumiu ontem que a ligação de alta velocidade ferroviária, vulgo TGV, não é prioritária para os próximos anos e considerou ainda que o tema “é bastante tóxico” em Portugal. Foi assim que o descreveu numa entrevista ao canal 11, da Federação Portuguesa de Futebol. Este dossiê só deve ser avaliado dentro de sete anos, ou seja, a partir de 2026, e sempre numa lógica de integração de Portugal na rede alta velocidade ibérica. 

“Não está manifestamente maduro [o debate], nem há condições económicas nem condições financeiras no próximo quadro comunitário para que esse tema surja. Daqui a sete anos, eventualmente, é um tema que poderá voltar a surgir”, declarou Costa numa entrevista de 20 minutos no Estádio Nacional, em que também testou os seus dotes futebolísticos.

A entrevista começou, aliás, por um registo mais intimista em que o chefe do Governo explicou que jogava na posição de defesa nos tempos de infância.

As questões sobre o futebol dominaram a entrevista e Costa reconheceu que o seu Governo e o Executivo espanhol estão a estudar a hipótese de submeter uma candidatura ibérica para organizar o Mundial de 2030. “O que temos é um protocolo para que haja um estudo, que está a ser desenvolvido em conjunto entre as duas federações. Os dois governos acarinham esse estudo e aguardamos”, sintetizou António Costa.

Enquanto aguardam pelas suas conclusões, o primeiro-ministro defendeu que os eventos como o Euro 2004 são “uma forma extraordinária de promoção internacional dos países”. Porém, tem custos. E um deles poderá ser o da intervenção nos estádios que foram construídos exatamente para o Euro 2004. “Esse é o estudo que está a ser feito, avaliação quer das oportunidades, quer das áreas de investimento”, concluiu Costa, sem pretender adiantar mais detalhes porque ainda não dispõe dos dados sobre o impacto financeiro do processo.

A violência no futebol foi o primeiro tema abordado na entrevista com o primeiro-ministro a condenar o fenómeno. “[É] A negação do próprio desporto, daquilo que deve ser o espírito desportivo e algo que tem de ser erradicado”, começou por explicar. António Costa não tem dúvidas de que a nova legislação para combater a violência no desporto é para cumprir. “A legislação foi feita para que clubes como o Benfica passassem a adequar os seus grupos de adeptos àquilo que são claques. Os clubes têm de ser todos iguais e tem de haver uma legislação igual para todos”, defendeu o Chefe de Governo. O Benfica, o clube do também secretário-geral socialista, já contestou a nova legislação, mas a posição do clube dos encarnados não demove António Costa. “Acho que os clubes tem que ser todos iguais”, voltou a argumentou o primeiro-ministro, insistindo que as “leis não mudam o comportamento. O que muda o comportamento é a cultura que tem de imperar”. E deixou mais um recado: “Todos os agentes desportivos têm uma enorme responsabilidade na forma como agem”.