Ex-homem mais rico do Brasil foi detido mais uma vez

A detenção foi devida à suspeita que Eike Batista estivesse a usa o nome da mulher para ocultar valores através da compra e venda de bitcoin.

Eike Batista costumava ser o homem mais rico do Brasil, com um património estimado pela Forbes em cerca de 30 mil milhões de dólares (mais de 26 mil milhões de dólares). Hoje nem multimilionário é. E ontem foi detido pela segunda vez, pela Polícia Federal, na sua casa no Rio de Janeiro. É acusado de manipulação do mercado de capitais e lavagem de dinheiro, através de bitcoin, a mais conhecida criptomoeda. A ação, denominada “Segredo de Midas”, foi fruto da delação premiada de Eduardo Plass, dono do TAG Bank, do Panamá. Foi mais um passo da Operação Lava-Jato, e foram efetuadas buscas tanto a imóveis associados tanto a Eike como aos seus filhos  Thor e Olin, tendo o mandato sido aprovado por Marcelo Bretas. 

No decorrer das buscas, terão sido apreendidas notas escritas à mão, relativas ao comércio de bitcoin, em nome de Flávia Sampaio, mulher de Eike, avançou a Folha de S. Paulo. No manuscrito estariam logins e senhas de uma conta na Apple e na Bitcoin Trade, uma plataforma de transações. O Ministério Público do Brasil esclareceu, em comunicado, que “é bem possível, dado o indício de comércio de meio tão usual de lavagem de ativos, que o investigado [Eike] esteja usando o nome e a conta da esposa para garantir a ocultação de valores produto ou proveito de crimes”.

Outro que foi alvo de um mandato de detenção foi o empresário Luiz Andrade Correia, conhecido pela alcunha Zartha, que estará fora do país, de acordo com o Globo. De acordo com o Ministério Público, Eike e Correia faziam “compra e venda de ações no mercado financeiro nacional e internacional, com o objetivo de manipular os ativos de pessoas jurídicas”. O juíz Bretas citou como exemplo, na sua decisão, duas operações suspeitas na bolsa de Toronto, no Canadá, para aumentar os lucros numa compra de empresas de mineração. O total movimentado terá ultrapassado os 800 milhões de dólares (qualquer coisa como 713 milhões de euros).

Eike já tinha sido detido em janeiro de 2017, por alegada corrupção ativa e lavagem de dinheiro, por subornar o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, com uma quantia de quase 15 milhões de euros. O empresário acabou condenado a 30 anos de prisão. Ainda assim, foi solto dois meses depois, para recorrer da sentença em liberdade. Mesmo a atual detenção do empresário é temporária, valendo por apenas cinco dias, enquanto decorrem as buscas. O advogado de Eike, Fernando Martins, apelidou a prisão como ilegal. “A prisão temporária de Eike Batista foi decretada com o fundamento de que fosse ouvido em sede policial sobre factos supostamente ocorridos em 2013”, explicou o advogado.