“Faz-se aquilo que nunca se permite, e na terça-feira até se viram polícias a fumar lá dentro”

Sindicalistas qualificam de “irresponsabilidade” o transporte alternativo de combustíveis por “pessoas que não sabem o que estão a fazer”.

Os camionistas do piquete de greve instalado pelo terceiro dia consecutivo em frente do acesso principal da Refinaria da Petrogal de Leça da Palmeira, em Matosinhos, qualificam de “irresponsabilidade” o transporte alternativo de combustíveis por não profissionais.

José Rego, do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, alertou para os riscos quer para os próprios motoristas não profissionais quer para terceiros, reiterando a condenação da “irresponsabilidade das pessoas que somente com uma hora de preleção andam aqui de um lado para o outro sem saberem bem o que estão a fazer”. E reitera que essas pessoas estão a colocar “em perigo a vida de muitas pessoas e as suas próprias vidas”.

“Vemos aqui de tudo, não só nos dois primeiros dias, como principalmente esta quarta-feira, faz-se aquilo que nunca se permite, como as pessoas a falarem ao telemóvel junto aos tanques, e na terça-feira até se viram polícias a fumar lá dentro, isto é tudo de uma tremenda irresponsabilidade, pode haver uma tragédia a todo o momento, esta gente não sabe o que está a fazer, não tem formação nenhuma de manuseio e de condução de camiões de matérias perigosas, nunca se viu aqui nada disto”, sublinhou o sindicalista.

Para se manterem no piquete de greve, os camionistas iam confraternizando e comendo aquilo que assavam, como fêveras, trocando impressões através de telemóvel com colegas de outras zonas do país, afirmando que não desistirão destas formas de luta enquanto não virem satisfeitas as suas reivindicações, sempre perante o olhar atento dos agentes da PSP.

Palavras de ordem Ao longo de todo o dia de ontem, os camiões cisterna entraram e saíram normalmente das instalações da refinaria nortenha, mas sempre com os protestos da “resistência passiva” a nível dos grevistas, que nunca poupavam palavras de ordem reprovando o facto de haver quem não aderisse à greve e ainda daqueles que aceitaram cumprir os serviços mínimos.

O Corpo de Intervenção da Unidade Especial de Polícia da PSP, assim como batedores de moto da Polícia de Segurança Pública mantiveram sempre a ordem, com o perímetro de segurança a separar os camiões de um e do outro lado da Rua D. Marcos da Cruz, em Leça da Palmeira, onde muitos milhares de veraneantes se banhavam no Oceano Atlântico, ainda que perto, mas longe da polémica que assola o país.

As cenas eram quase sempre idênticas, com os mais afoitos a gritar “ides ter reformas de 400 euros”, com alguns impropérios à mistura, ou dizendo “tende vergonha”.

Ao princípio da tarde de ontem registou-se um sururu com um grupo de grevistas e um dos responsáveis pelo aparcamento e a circulação dos camiões cisterna, pelo facto de, segundo aqueles elementos, “esse senhor ser um antigo camionista”.

As frases dos sindicalistas eram extensivas aos agentes da PSP, incluindo os agentes do Corpo de Intervenção da sua Unidade Especial de Polícia, afirmando-lhes que “juraram cumprir a Constituição e estão aqui a dar cobertura a uma coisa destas, a uma ilegalidade”.