Pardal Henriques admite recorrer aos tribunais para “responsabilizar quem violou as leis”

Porta-voz do Sindicato de motoristas de matérias perigosas garante estar a “estudar todas as ilegalidades” que considera terem sido cometidas nos últimos dias

Pedro Pardal Henriques, porta-voz do sindicato de motoristas de matérias perigosas (SNMMP), assumiu este sábado a possibilidade de recorrer à justiça para “responsabilizar todos aqueles que violaram as leis” durante o pré-aviso de greve e já durante a greve. "Estou a estudar todas as ilegalidades e irei pedir à justiça a responsabilização de todos aqueles que não cumpriram aquilo que deveriam ter cumprido”, disparou, em Aveiras de Cima (Lisboa), onde se juntou ao piquete de greve, embora sem se referir diretamente ao Estado ou ao Governo, que decretou a requisição civil.

Pouco antes, o presidente do mesmo sindicato, Francisco São Bento, tinha referido estar a “aguardar com expetativa” o agendamento de uma reunião negocial com a Antram (Associação de Transportadores Rodoviários de Mercadorias) para que “se consigam atingir objetivos que sejam benéficos para todos”. O dirigente relevou a “abertura” demonstrada pela Antram para “aceitar a negociação” e anunciou que a direção do SNMMP esteve igualmente neste sábado “a articular com outros sindicatos e comissões de trabalhadores” as propostas a apresentar na reunião. "A esperança é sempre a última a morrer e estamos sempre expectantes que se atinja uma solução", completou, revelando ainda que no plenário marcado para este domingo será discutida a proposta de desconvocar a greve e de os motoristas se recusarem a trabalhar mais de oito horas por dia.

Entretanto, o Governo anunciou que a requisição civil relativa à greve dos motoristas de matérias perigosas foi cumprida e os serviços mínimos "superados", salientando que o último balanço demonstra "uma crescente normalidade da situação". "A Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) apresentava às 17:00 de hoje os ‘stocks’ mais elevados desde o início da greve e, em conjunto com o aumento do número de cargas, demonstram uma crescente normalidade da situação”, indica em comunicado o Ministério do Ambiente e Transição Energética, liderado por João Pedro Matos Fernandes.

A REPA exclusiva apresentava níveis de preenchimento de ‘stocks’ de 60,75% no gasóleo e de 93,45% na gasolina, com a REPA não exclusiva a apresentar 62,26% de gasóleo e 45,50% de gasolina. O ministério dá ainda o exemplo de Leça da Palmeira, onde estavam 101 cargas previstas e onde acabaram por ser foram realizadas 127 (126%), mas também de Sines – das 33 cargas previstas, foram cumpridas 40 (121%) – e de Aveiras – das 102 cargas previstas, realizaram-se 146 (121%). "Note-se que estes valores excedem largamente os previstos nos serviços mínimos, o que traduz o facto de serem muitos os trabalhadores que não se encontram em greve", pode ainda ler-se no documento.

O ministério liderado por João Pedro Matos Fernandes garante ainda que os serviços de abastecimento nos aeroportos “foram os previstos” e que as Forças de Segurança e as Forças Armadas “só foram pontualmente solicitadas para conduzir as viaturas de transporte carburante”.